São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Temores repentinos

JANIO DE FREITAS

Preocupados com a repercussão necessariamemte péssima, entre os proprietários da TV Globo, do negócio com que o governo fortaleceu a rede de TVs e rádios controlada pelo bispo Edir Macedo, eminências do PSDB discutem a conveniência de um afastamento temporário de Sérgio Motta do Ministério das Comunicações.
O motivo público seria a participação de Motta, em tempo integral, no comando da campanha de José Serra. O que, na prática, já é feito por ele, com isso até causando divergências, quanto à orientação da campanha, que tornam ainda mais difícil o ambiente em torno de Serra.
Idas e voltas
Mesmo estando a telefonia brasileira entre as piores do mundo, e só de lembrar os seus ministros de ontem e de hoje já se entende por quê, ninguém imaginaria que o candidato José Serra precisasse ir de São Paulo a Brasília para conversar com Fernando Henrique Cardoso sobre a candidatura anêmica. Só os peessedebistas produziriam essa desculpa para que o presidente, neste mau transe, se mostrasse às TVs e jornais em campanha indireta pelo candidato.
Os expoentes do PSDB parecem convencidos de que artimanhas, tramóias, tapeações em qualquer grau e tipo são a única maneira de relacionar-se, a partir do poder, com a população.
Por falar em Sérgio Motta, o deputado Walter Feldman atribui a uma circunstância infeliz sua ameaça de processo contra as notícias, na Folha e na "Veja", sobre o negócio do governo Fernando Henrique com os chefes da Igreja Universal do Reino de Deus. Feldman diz que, "se falou em processo" (há gravação), foi por força do encaminhamento da entrevista.
Como Feldman havia mencionado, também, estudos da assessoria jurídica do PSDB e da campanha de Serra, com propósito judicial, tomara que aí não haja desistência.
Mais chumbo
Se o Banco Central decidiu processar a revista "Carta Capital" e o repórter Carlos Drummond, pelo trabalho "Caso Banespa, golpe dos tucanos", precipitou-se na sua reação. Às revelações de que diretores do BC usaram de artifícios, impedindo o arquivamento do inquérito (proposto no próprio relatório final das investigações) para prejudicar ex-governadores e ex-dirigentes, a nova edição da revista junta mais documentos desagradáveis para o BC. Em especial, para seu diretor Alkimar Moura.
E uma entrevista em que o relator do inquérito do BC no Banespa, Carlos José Lemos, diz que a intervenção deveria ser suspensa em agosto do ano passado, não fossem os propósitos políticos do governo Fernando Henrique.
É bom saber
Uma bela causa, a da independência do Timor Leste, cujo povo, de língua portuguesa, vive sob domínio indonésio. Os paulistanos que desejem inteirar-se do assunto têm hoje boa oportunidade, com a palestra do professor Antônio Barbedo de Magalhães sobre a brava luta pela independência. O catedrático da Universidade do Porto falará às 10h30 no auditório da Colméia, na Cidade Universitária.

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