São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Vítimas da violência criam Reage SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Parentes e amigos de vítimas da violência em São Paulo estão lançando uma campanha contra a criminalidade na cidade. O movimento, batizado de Reage São Paulo, já ganhou o apoio de entidades de moradores e de turismo, publicitários, donos de bares e comerciantes.
A campanha será lançada sábado, às 14h30, na missa de 7º dia da universitária Adriana Ciola, morta em assalto a um bar no sábado.
Desde o início do mês, pelos menos dez pessoas foram mortas ou torturadas por assaltantes, mesmo não tendo reagido.
A missa será na igreja do Perpétuo Socorro, Jardim Paulistano (zona oeste). As pessoas estão sendo convidadas a vestir branco e a usar fitas da mesma cor nos carros.
"É um pedido de paz, em silêncio. Queremos chamar a atenção para a violência que atinge todos nós", disse Adriana Miori, 20, amiga da estudante morta.
"Nosso objetivo é fazer com que a sociedade se mobilize e exija das autoridades providências para garantir a segurança da população", afirmou Albertina Café Alves, 48, tia de Adriana.
Em vários bairros, os moradores estão se mobilizando. O Conselho de Segurança de Moema (zona sul), onde dois jovens morreram no sábado, quer reunir verbas para comprar carros para a polícia.
Aureliano Rudge do Amaral, 57, presidente do Conselho Comunitário de Cerqueira César e Jardins (zona oeste), também apóia. "A sociedade tem de exigir alternativas contra a violência."
Renato Francisco Iandoli, pai do estudante Rodrigo Fabiano Iandoli, morto domingo por três assaltantes, afirma que pretende participar do Reage São Paulo. "Não traz meu filho de volta, mas ajuda a evitar que outras famílias sofram."
Diretores da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap) disseram estar à disposição para participar de uma campanha contra a violência na cidade. "Queremos fazer alguma coisa", disse Humberto Alves Mendes, superintendente da Abap.
A entidade reúne cerca de 200 das maiores e mais importantes agências de publicidade do país.
"Precisamos de uma mobilização de toda a sociedade", diz Percival Maricato, presidente da Associação dos Bares e Restaurantes Diferenciados (Abred) de São Paulo, que pretende aderir.
"Se a autoridade está ausente, alguém precisa liderar esse movimento. Nós queremos participar."
O diretor-executivo da Associação Viva o Centro, Marco Antonio Ramos de Almeida, 50, diz que a entidade está disposta a participar de qualquer ação antiviolência.
Para Roberto Gheler, 48, presidente do São Paulo Convention and Visitors Bureau, associação que promove o turismo em São Paulo, a campanha é bem-vinda.
A jornalista Regina Lemos encabeçou uma campanha nacional pelo desarmamento quando seu marido foi assassinado em 1994 em um bar. "Estou disposta a começar tudo de novo, mas é preciso uma mobilização mais ampla."

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