São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Pais ameaçam ir à Justiça contra punição

ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Apaesp (Associação de Pais de Alunos do Estado de São Paulo) ameaça entrar com ação direta de inconstitucionalidade no STF (Supremo Tribunal Federal) caso o governo permita que as escolas retenham documentos de transferência de alunos inadimplentes.
O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Bolivar Moura Rocha, discute hoje a possível mudança da MP (medida provisória) das mensalidades com representantes de pais de alunos e estudantes.
"O STF já se pronunciou sobre o assunto, no ano passado, e afirmou que a retenção de documentos é ilegal", afirmou a presidente da Apaesp, Hebe Tolosa.
Ela disse que qualquer modificação nas regras só pode valer a partir de 97. "Se as escolas exigirem fiadores neste ano, os alunos devem procurar a Justiça. Não pode haver quebra de contratos."
Pressões
O governo sofre pressão de escolas particulares e parlamentares para mudar o artigo 6º da MP das mensalidades, que proíbe a suspensão de provas e retenção de documentos de transferência.
As escolas alegam que após a criação desse artigo, em janeiro de 1995, a taxa de inadimplência saltou da média de 5% a 10% para índices médios entre 25% e 30%.
Como o assunto envolve a base de sustentação do governo no Congresso Nacional, a Casa Civil está mediando as negociações com os ministérios da Fazenda e da Justiça.
Preços altos
O secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Aurélio Wander Bastos, é contra mudanças na MP. Para ele, a inadimplência teria aumentado porque as escolas aplicaram altos índices de reajuste nas mensalidades.
Moura também não está convencido de que os índices de inadimplência subiram nos patamares alegados.
O secretário acha que não ficou provado que a suposta inadimplência ocorre exclusivamente nas escolas, pela falta de punições contra quem não paga em dia as mensalidades.
Ao contrário, documento enviado a Moura pela Confenen (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) mostraria que o aumento da inadimplência ocorreu em todos os setores, como aluguéis e planos de saúde.
Para Moura, os dados da Confenen não seriam representativos, pois não incluem os Estados com maior número de escolas, como São Paulo e Rio de Janeiro.
"Aconselhamos as escolas a pedir fiadores para alunos novos e que têm passado de inadimplência", afirmou o presidente da Confenen, Roberto Dornas.

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