São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Crime é 1ª causa de mortes de jovens

DA REDAÇÃO

As mortes dos cinco jovens assassinados em São Paulo desde sábado são um exemplo da conclusão de um levantamento da Folha feito neste ano: os homicídios são a principal causa de morte de pessoas entre 15 e 34 anos na cidade.
O dentista José Renato Pousada Talan, 25, era o mais velho dentre as vítimas da violência da última semana.
Recém-formado pela Unip (Universidade Paulista) -onde era conhecido como Zezinho-, com consultório montado, Talan foi morto no assalto à choperia Bodega, em Moema (zona sul), na madrugada de sábado, por ter pedido calma aos assaltantes.
Adriana Ciola, 23, estudante de odontologia da mesma Unip, que se formaria em 97 e pretendia trabalhar com crianças excepcionais, morreu no mesmo assalto.
Ela e as outras três vítimas se encaixam na faixa etária que tem o maior índice de mortes por assassinato.
Adriana, a Didi, como as amigas a chamavam, foi, porém, uma exceção. Entre jovens, é muito menos comum mulheres morrerem assassinadas -23,4% das mortes de mulheres de 15 a 24 anos foram causadas por crimes.
A porcentagem para homens é bem maior -61,5%. Neste grupo se encaixam as outras três vítimas.
Rodrigo Fabiano Iandoli, 21, foi morto a tiros domingo em frente à casa da namorada, na zona sul de São Paulo.
Rodrigo, assim como Adriana e o dentista José Renato, era o caçula da família. Estudava direito na Unip, e o dia seguinte ao crime seria seu primeiro dia de trabalho em uma seguradora.
Depois do almoço do Dia dos Pais, Rodrigo foi ao shopping Morumbi com a namorada. Ia assistir "Independence Day", mas as sessões estavam muito cheias. Na volta, foi morto ao tentar fugir de ladrões.
Clécio Roberto Bezerra da Silva, 17, assassinado em frente a uma escola na zona norte, anteontem, junto com Valtemir Moreira de Almeida, 20, tinha ido buscar a namorada quando foi atingido por desconhecidos.
Ele era auxiliar de escritório e estava no 3º colegial. Pretendia estudar direito. Valtemir era feirante.
Segundo a pesquisa feita pela Folha, as mortes por assassinato no geral, considerando todas as faixas etárias, representam 8,1% dos óbitos da cidade.

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