São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Filme de Cacá Diegues traz às telas Bahia antiga e moderna

OTÁVIO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Com "Tieta do Agreste", que estreou anteontem à noite no teatro Castro Alves, em Salvador, o cinema brasileiro dá um passo adiante em sua atual fase de recuperação.
Dirigido por Cacá Diegues com base no romance do escritor Jorge Amado, "Tieta" traz algo que faz falta ao cinema do país. Conta bem uma boa história, retrata com detalhes uma realidade escolhida.
O filme, que mostra a vida em uma vila da Bahia, é antigo -com todos os velhos e bons costumes do povo baiano- e moderno, pois a Bahia de hoje -da música axé, da cultura globalizada- também está presente.
Faz assim um retrato fiel de um pedaço do Brasil que é, sem dúvida, um dos mais interessantes. Um Brasil ao mesmo tempo pobre e luxuoso, velho e novo, cômico e dramático, religioso e safado.
Quem inventou essa mistura foi o povo baiano, quem há décadas sabe retratá-la como ninguém é Jorge Amado. Com "Tieta", sua obra está bem retratada nas telas.
"Tieta" é também uma reunião de talentos rara no cinema brasileiro. Traz de volta Sonia Braga, como Tieta, uma atriz intuitiva, emocional, sensual.
Ela contracena com Marília Pêra, no papel de Perpétua, um exemplo de atriz técnica, cerebral, que exibe ao público um personagem de arquitetura perfeita. Tem também Chico Anysio, que está excelente como pai de Tieta.
A trilha sonora de Caetano Veloso, vibrante e colorida quando assim é pra ser, densa e encaixada no filme nos momentos mais dramáticos, é outra base de sustentação.
O visual de "Tieta" também é um acerto. Contribuem aí a cenografia de Lia Renha, que trouxe para as telas o colorido único das casas do interior da Bahia, e os figurinos impagáveis usados por Sonia, de Ocimar Versolato.
Finalmente, o roteiro, feito por José Ubaldo Ribeiro, Antônio Calmon e Cacá Diegues, traz a essência do livro de Jorge Amado.

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