São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
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Biohazard traz rock de peso engajado

MP
ESPECIAL PARA A FOLHA

Biohazard é o estranho no ninho do Philips Monsters of Rock. Para começar, recusa-se a ser chamado de heavy metal. Com o Biohazard, punk, rap e metal viram uma fusão de raiva quente.
O engajamento é evidente no novo CD, "Mata Leão", que lista tudo o que há de errado no mundo, da falta de justiça ao estupro de crianças. Por telefone, de Cleveland, o baterista Danny Shuler disse à Folha de onde vem tanta raiva.
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Folha - O que fez o grupo optar por letras engajadas?
Danny Shuler - O fato de não sermos moleques. Somos homens que conhecem os problemas do mundo. Há muita negatividade e o melhor que podemos fazer é passar mensagens positivas.
Folha - Por que "Mata Leão" tem título em português?
Danny - "Mata Leão" é o nome de um golpe de jiu-jitsu, tão poderoso que pode matar um leão. Aprendemos sobre o golpe em aulas com o lutador brasileiro Rickson Grace, em Los Angeles.
Folha - Como Rob Echeverria, ex-guitarrista do Helmet, entrou na banda?
Danny - Ele estava à toa e um cara talentoso como Rob não podia ficar sem banda. Sua entrada deixou nosso som mais coeso. Parecemos outra banda.
Folha - Por que Biohazard decidiu integrar rap em seu estilo?
Danny - Introduzir o rap no nosso estilo é outra forma de dizermos não ao preconceito. Gravamos com Cypress Hill, Onyx e, agora, com o DJ Lethal, do House of Pain, que são, antes de mais nada, bandas pesadas. Além disso, ao contrário das demais bandas que usam guitarras, Biohazard tem dois vocalistas, o que nos aproxima da estrutura dos grupos de rap.
Folha - A famosa turnê conjunta do grupo heavy Antrax e os rappers do Public Enemy, em 1991, foi uma influência?
Danny - Em termos. A imprensa da época a chamou de "a tour que todos achavam que nunca aconteceria". Mas a gente já misturava rap no nosso som bem antes.
Folha - Vários grupos de heavy metal têm optado pela fusão de estilos. É uma saída para o metal?
Danny - Não apenas para o metal, mas para qualquer tipo de música. O que não pode é deixar de usar a criatividade e a ousadia, porque, senão, a música morre.
Folha - O que acha de bandas que se resumem a satanismo e machismo, como certas do Monsters?
Danny - Nossa preocupação é passar mensagens que façam as pessoas refletir e mudar o estado de coisas que nos oprime. Por outro lado, não gostaria que existisse uma lei para proibir as pessoas de dizer disparates.

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