São Paulo, quinta-feira, 15 de agosto de 1996
Próximo Texto | Índice

Sexo oral não é tão seguro, diz estudo

Contato é o mais comum entre homossexuais com Aids

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo da Universidade de Washington (EUA) mostrou que o sexo oral era a forma mais comum de contato sexual entre homossexuais masculinos que haviam sido infectados pelo vírus da Aids.
Segundo os resultados, os pacientes infectados com o HIV disseram ter tido em média 20 relações oral-genitais nos seis meses anteriores a contaminação, contra duas relações anal-genitais.
Os pacientes entrevistados disseram ter sexo oral "não seguro". Menos de 4% dos contatos sexuais orais haviam envolvido alguma forma de proteção, enquanto 42% dos contatos genitais ou anais haviam envolvido preservativo.
Timothy Schacker, do Departamento de Medicina da universidade norte-americana e um dos autores do estudo, disse, em comentário, que a descoberta tem grande interesse.
Em junho, estudo publicado na revista "Science" mostrou que sêmen contaminado de um gênero de macacos chamado reso era capaz de transmitir, por via oral, um vírus semelhante ao da Aids, o SIV, mesmo se a mucosa bucal dos animais estivesse livre de feridas.
O SIV (vírus da imunodeficiência de símios) causa sintomas parecidos aos da Aids em macacos.
Não tão seguro
"Os resultados desse e de outros estudos mostra que o sexo oral pode não ser tão seguro como se pensava", escreveu o pesquisador.
O estudo da Universidade de Washington é publicado hoje na revista "The Annals of Internal Medicine".
Os resultados também mostraram que só 25% das pessoas que sabiam ter risco elevado de contrair o HIV (faziam um exame a cada quatro ou seis meses) e que haviam consultado o médico com sintomas clínicos da doença foram corretamente diagnosticadas.
"Muitos pacientes vão a uma clínica para fazer exames de rotina (normalmente anônimos) e a outra para os cuidados médicos", escreveu Schacker.
Segundo o pesquisador, o médico pode não saber os riscos do paciente e não reconhecer corretamente os sintomas.
"Médicos deveriam pedir um histórico da vida sexual do paciente quando ele aparece com febre, tosse ou sintomas de mononucleose (uma das doenças oportunistas relacionadas à Aids)."
Segundo o estudo, metade dos pacientes disse ter tido apenas um parceiro um mês antes de ter sido contaminado, e uma média de três parceiros nos seis meses anteriores a contaminação.
Segundo os pesquisadores, isso mostra que um padrão de relações monogâmicas sequenciais pode levar a contaminação pelo vírus.

Próximo Texto: Índia veta tratado que proíbe os testes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.