São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Maradrama

JUCA KFOURI

É angustiante acompanhar o drama vivido por Don Diego Maradona para se livrar das drogas.
Certamente seu talento merecia outra sorte.
E vê-lo para lá e para cá como uma bola mal jogada é doloroso.
Seu esforço, contudo, vale uma homenagem e é o melhor exemplo da devastação que a droga é capaz de provocar. Até um homem acostumado a enfrentar os maiores desafios, e a vencê-los, verga impotente, desesperado em busca de ajuda.
E a luta de Maradona serve também para que não se repita mais o discurso fácil e mentiroso de que a bola afasta os jovens de outras bolas.
Infelizmente, não é assim. Tantos exemplos de esportistas viciados, aliás, tornam mais urgente o auxílio psicológico que permita formar cabeças suficientemente boas para suportar a pressão da competição e as luzes do sucesso.
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Difícil saber aonde o Corinthians quer chegar. Ao se desfazer agora de Zé Elias, o Zé da Fiel, legítimo herdeiro de Dunga na seleção brasileira, o Parque São Jorge não abre mão apenas de um jogador que encarna o alvinegro, mas sinaliza que adotou definitivamente a mediocridade como filosofia.
A chegada de Rodrigo, que era um bom lateral-direito, inflaciona a posição que já tem outros dois jogadores para ocupá-la -se é que ambos, Ayupe e Villamayor, têm futebol para tanto.
André Santos, o mais talentoso de todos os zagueiros corintianos, continua afastado, e Célio Silva curte um gelo, talvez por estar em fase final de contrato, para que não peça o que vale na hora de renovar.
E o ataque tem Tiba e Alcindo. É demais, mesmo para corações acostumados a sofrer.
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Sabe qual é a semelhança entre a linha do Equador e a do Corinthians?
Ambas são imaginárias...
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A Nike está propondo US$ 200 milhões para fazer um contrato de dez anos com a CBF. E está disposta a pagar a multa para que a entidade rompa com a Umbro, com quem a CBF tem compromisso até o final de 1998.
Supersticioso, Zagallo deve estar preocupado, pois foi sempre vestindo Umbro que a seleção brasileira venceu suas quatro Copas.
Mas a proposta da Nike e a comissão de praxe são irrecusáveis.

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