São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Sem vencer, Boesel chega aos 150 GPs

Piloto tenta vitória há 11 anos

MAURO TAGLIAFERRI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde 1985, Raul Boesel, 38, já sofreu 149 frustrações em sua carreira na Indy. Houve algumas "bolas na trave", como ele diz. Mas o GP de Elkhart Lake (EUA), neste domingo, tem tudo para ser a 150ª decepção do piloto.
"Espero que antes de parar de correr, eu já tenha tido o sentimento de, um dia, falar: 'Está vendo, eu não disse que venceria uma corrida?"', afirmou ele, sobre o sonho de ganhar uma prova na Indy.
Embora Boesel diga que o 150º GP na categoria seja "um belo número para se vencer uma corrida", o rendimento de seu carro tem sido prejudicado por constantes quebras de motor. Pior, a Ford ainda não descobriu a solução para o problema.
O estigma de perdedor e azarado, porém, é relativo. Quando chegou aos EUA, em 85, o piloto chegou a dormir no sofá da casa de Dick Simon, dono da equipe na qual debutou na Indy, porque não tinha para onde ir.
Hoje, o campeão do Mundial de Marcas de 87 acumula US$ 5,99 milhões só em prêmios na Indy -e sem vencer GPs na categoria.
*
Folha - Que balanço você faz de sua carreira na Indy?
Raul Boesel - Fica a interrogação quanto à primeira vitória, o chantilly que falta no meu bolo. Acho que sou um piloto respeitado no automobilismo como um todo, nos EUA, na Europa.
Levei a Jaguar ao primeiro título no Mundial de Marcas. Tenho motivos para me orgulhar. Mas, ao mesmo tempo, possuo o objetivo de vencer, já devia ter esse troféu.
Folha - Qual foi seu melhor momento na categoria?
Boesel - Ter largado na primeira fila (em terceiro) e liderado as 500 Milhas de Indianápolis em 93. Fiquei desapontado, pois devia ter vencido a prova (terminou em quarto), mas gostei da minha performance como piloto.
Uma coisa que me deixa tranquilo é que sempre dei 100% de mim, independentemente se o carro era bom ou ruim.
Folha - Você é um piloto conceituado no meio automobilístico, mas tem um estigma de azarado entre o público...
Boesel - O público tem o direito de pensar isso, mas sei que tenho uma torcida grande. Acho que, mesmo inconscientemente, todo mundo quer que eu ganhe.
Há quem já tenha perdido as esperanças. Mas, quando eu vencer, os que sempre acreditaram dirão: "Está vendo, eu não disse?"
E isso me motiva. Eu também quero dizer "não disse que venceria?" um dia. Todo mundo tem suas pedras para quebrar...
Folha - Este ano, você só tem 17 pontos e está em 22º no campeonato. É sua pior temporada?
Boesel - Temos um problema eletrônico crônico no motor e o ano está sendo muito frustrante. Eu tinha uma expectativa, e a falta de performance foi uma surpresa. Está sendo o pior ano.
Pela minha história, sou um piloto que não quebra carros e, neste ano, só completei quatro corridas. E eu não desaprendi a guiar...

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