São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Políticos serão "banidos" da manifestação de hoje

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Políticos que tentarem pegar carona e se promover às custas de uma tragédia vão ser banidos do movimento. Nosso trabalho é pela cidadania."
A frase da dona-de-casa Albertina Dias Café e Alves, 48, tia de Adriana Ciola -garota assassina na semana passada-, e uma das organizadoras da manifestação que pede hoje um basta para a violência em São Paulo, traduz a disposição dos manifestantes em manter os políticos longe do movimento Reage São Paulo.
"Político que quiser prestar sua solidariedade, que venha como cidadão, que se apresente como alguém indignado com a violência. Desta forma, será bem-vindo", afirma Albertina.
Após a missa de 7º Dia de Adriana Ciola, que começa às 14h30, na praça Honório Líbero, 100, no Jardim Paulista (zona sul de São Paulo), os integrantes do movimento pretendem fazer uma manifestação "silenciosa, pacífica e de solidariedade aos que perderam parentes por causa da violência", segundo Albertina.
Sem telefone
Sem cara definida, endereço para correspondência ou telefone para contatos, o Reage São Paulo é descrito por seus integrantes como uma manifestação espontânea que quer cobrar do governo do Estado soluções para acabar com a violência na cidade.
"Gostaria muito que a campanha ficasse ligada à idéia de que é preciso por um fim à violência. E gostaria de ver crescer o Reage Ribeirão, o Reage Rio, enfim, que todas as cidades tivessem uma reação até acabar a violência", disse Albertina.
Mais policiais
Albertina acredita que com mais policiais cuidando do patrulhamento as chances de acontecerem crimes violentos diminuem.
"Nós queremos sensibilizar as autoridades, mostrar para os políticos que os votos deles vão custar caro, vão custar trabalho", afirmou.
Apesar de não ter "a menor idéia" de quantas pessoas deverão comparecer à manifestação, Albertina prevê a realização de um evento "grandioso".
Os manifestantes pretendem, "se der tempo para chegar até lá", acompanhar a missa de 7º Dia de Rodrigo Iandoli, baleado no domingo passado. A missa acontece às 16h, na igreja Nossa Senhora Aparecida, em Moema (zona sul).
"Os pais do Rodrigo, assim como nós, parentes da Adriana, precisam da solidariedade de todos", disse Albertina.
Para não prejudicar o trânsito da cidade, o Reage São Paulo pediu à Secretaria da Segurança Pública do Estado que tomasse providências. "Vamos ver se eles vão cuidar disso. Nós avisamos os representantes da secretaria que vai haver a manifestação", afirmou Albertina.

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