São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Pescador reconhece filho sumido em 92

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O pescador João Bossi disse ontem em Curitiba (PR) que o menino encontrado em Manaus é seu filho Leandro Bossi, 12, desaparecido em 92 em Guaratuba, no litoral do Paraná.
O menino encontrado em Manaus estava registrado com o nome de Diogo Rodrigo Moreira e morava com a vendedora Socorro Auxiliadora Araújo Costa, que diz tê-lo encontrado na rua.
"Não tenho dúvidas de que se trata de meu filho Leandro. Vamos fazer o exame de DNA porque a Justiça pediu e é a atitude correta. Não tenho pressa", afirmou Bossi.
Bossi chegou com Leandro de Manaus. Os dois foram apresentados à imprensa no salão nobre da Polícia Militar, em Curitiba.
Bossi pôde viajar com Leandro porque o juiz Antonio Celso Gioia, de Manaus, concedeu um termo de guarda e responsabilidade até que o resultado do exame de DNA confirme se o menino é ou não seu filho. "Caso não seja meu filho, vou adotá-lo", disse Bossi.
PMs
Ele afirmou que foi procurado no último dia 8, em Guaratuba, por PMs que traziam uma foto de um menino. "Quando vi a foto eu disse que era o Leandro", disse.
A foto foi enviada pela PM de Manaus, depois que Socorro Costa achou parecido o menino com a foto de Leandro num cartaz de crianças desaparecidas. Socorro entregou o menino e disse que o havia encontrado na rua.
O coronel Antonio Ribas, da 5ª seção da PM, disse que as semelhanças entre o menino encontrado em Manaus e a foto do cartaz são grandes. "Ele é loiro, tem olhos claros e se parece fisicamente com o senhor João", afirmou.
Ribas disse que Bossi foi reconhecido por Leandro. "Ele correu em minha direção, me abraçou e começou a chorar", disse Bossi.
Leandro disse que passou por duas famílias antes de ser recolhido por Socorro. "Apanhei muito", afirmou Leandro, mostrando as marcas na mão e chorando.
Ribas afirmou que Leandro e o pai seriam levados ontem à tarde para Guaratuba para que fossem apresentados à Justiça.
Habeas corpus
O advogado Antonio Figueiredo Basto disse ontem que quer explicações do comando-geral da PM e da Secretaria da Segurança sobre a acusação de assassinato feita aos seus clientes -o pai-de-santo Osvaldo Marcineiro, Davi dos Santos Soares e Vicente Ferreira, acusados de matar Leandro.
"Os três disseram que fizeram essa confissão porque haviam sido torturados e agora o Leandro reaparece vivo.", disse Basto.
Ele pretende entrar na Justiça com novo pedido de habeas corpus em favor dos três. Na época, a PM negou a prática de tortura.
Marcineiro, Soares e Ferreira estão presos há quatro anos na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, acusados de matar o menino Evandro Ramos Caetano num suposto ritual de magia.
O crime ocorreu em Guaratuba, dois meses depois do desaparecimento de Leandro Bossi.

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