São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Caminhões ficarão de fora em 97

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário do Meio Ambiente, Fábio Feldmann, descartou ontem a inclusão de caminhões no rodízio do próximo ano.
"A estratégia para ônibus e caminhões tem que ser diferente. Estamos estudando medidas e, até março de 97, queremos ter uma política eficiente para os motores a diesel", afirmou.
Segundo Feldmann, a idéia é fazer o controle permanente da emissão desses veículos, e não apenas no inverno, como acontece com o rodízio.
O secretário voltou a afirmar que o principal objetivo do atual rodízio é diminuir a emissão de monóxido de carbono, por isso o maior alvo foram os carros.
Em altas concentrações, o monóxido gera desconforto físico, dor de cabeça, naúsea e agrava problemas cardiorrespiratórios.
Os automóveis produzem 66% do total anual de monóxido da região metropolitana de São Paulo, segundo estudo de 1995 da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
Os caminhões são responsáveis por pouco mais de 16%.
Segundo Cláudio Alonso, gerente de qualidade do ar da Cetesb, o rodízio teve sucesso em diminuir as concentrações de monóxido de carbono, mas é impossível precisar em quanto. "Há muitas variáveis envolvidas", explicou.
Prioridade
Em relação ao material particulado -principal componente da poluição neste inverno e apontado por alguns especialistas como mais nocivo à saúde que o monóxido-, os caminhões são mais poluentes que os carros.
Eles produzem 17,8% do total, e os carros, 10%.
O diretor da Operação Rodízio, Alfred Szwarc, disse que não é possível atacar todos os poluentes do ar de São Paulo de uma vez.
"Operacionalmente, controlar o monóxido de carbono se mostrou mais viável agora", afirmou.
Segundo Szwarc, perto de um terço dos caminhões que circulam em São Paulo tem placa de outros Estados e, se fossem incluídos no rodízio, haveria possibilidade que eventuais multas não tivessem como ser cobradas.
Referendo
O secretário Feldmann disse que prefere que a consulta à população que pretende fazer antes do rodízio de 97 seja um referendo.
"Nesse caso, a Assembléia Legislativa aprovaria a lei para o rodízio, e ela seria submetida à aprovação da população antes de ser posta em prática", disse.
No plebiscito, os votantes aprovariam a idéia genericamente, antes da votação dos deputados.
"O rodízio exige coerência técnica, por isso é melhor a população votar a proposta já pronta."

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