São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Farmácias vão ampliar financiamentos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes redes de farmácias do país estão se preparando para ampliar o financiamento aos clientes.
Até o final do ano, drogarias vão lançar cartões próprios, aceitar cheques pré-datados para mais de 30 dias e trabalhar com crediário.
Para competir com o comércio em geral, as farmácias foram forçadas a quebrar a tradição da venda à vista.
É o que constata levantamento feito pela Folha com oito redes de farmácias espalhadas pelo país.
Em 60 dias, por exemplo, a carioca Drogasmil, rede de 31 lojas, lança seu próprio cartão.
Com ele, o cliente vai obter descontos, parcelar pagamentos, concorrer a viagens, trocar cheques por dinheiro etc.
A Drogasmil já trabalha com todos os cartões de crédito e aceita cheque pré-datado para 15 dias.
"A idéia é facilitar mais ainda o pagamento do cliente e torná-lo fiel", diz Marcello Bório, diretor.
Ele conta que 1,5 milhão de pessoas passam pelas lojas da Drogasmil por mês, das quais 600 mil compram. "Oferecendo benefícios extras, vamos vender mais."
Cheques pré-datados
A partir de 1º de setembro, a cearense Pague Menos, com 98 lojas nas regiões Norte e Nordeste, começa a aceitar cheques pré-datados para até 60 dias.
Deosmar Queirós, diretor-presidente, conta que, hoje, de cada 100 clientes que entram nas lojas com receitas médicas, apenas 23 saem com todos os medicamentos.
Com a possibilidade de o consumidor pagar em três vezes -um cheque no ato, outro para 30 dias e outro para 60 dias-, ele acredita que de cada 100 pessoas, 35 vão adquirir os remédios.
A Pague Menos aceita cheques para 30 dias, que já representam 25% do seu faturamento -estimado em R$ 150 milhões para 1996. A venda à vista participa com 50%; os cartões, com 25%.
A Drogaria Iporanga, que tem 22 lojas na Baixada Santista, também decidiu dar mais prazo de pagamento ao cliente.
Na compra acima de R$ 50 o consumidor poderá fazer o pagamento em 30 dias.
A rede já trabalha com cartão próprio -que funciona como os tradicionais. "Estamos de olho na concorrência", avisa Regina Célia Pinho de Lima, controler.
O Drogão, rede paulista com 29 lojas, também pode vir a financiar o consumidor ao aceitar cheques pré-datados.
"Estamos avaliando se isso é necessário. É que nossas lojas estão em shoppings", diz Marcos Guimarães, diretor-superintendente.
Segundo ele, os cartões de crédito -que hoje representam 23% da receita da empresa -estão sendo cada vez mais utilizados pelos clientes. É um sinal de que o público quer adiar o pagamento.
Concorrência
A Drogaria São Paulo, com 119 lojas espalhadas pela Grande São Paulo, informa que vai se adaptar ao mercado. "Se for necessário, financiaremos a compra do cliente", diz Luiz Martinussi, diretor.
A venda à vista ainda representa 85% do faturamento da empresa -estimado em US$ 440 milhões para este ano. Os cartões de crédito detêm os outros 15%.
Ele diz que a empresa está faturando neste ano cerca de 33% mais do que em 95, sobretudo porque tem oito lojas a mais. Por isso, não vê necessidade de ações imediatas para aumentar as vendas.
A preocupação da Drogaria São Paulo é com a inadimplência, que é maior nos cheques pré-datados.
Por estar vendendo mais do que em 95, a Minerva, rede de 45 farmácias no Paraná, não considera necessário o aumento do financiamento ao cliente -a empresa aceita cheques pré-datados para até 15 dias e cartões de crédito.
Juntos, eles participam com 25% do faturamento. A venda à vista representa 75%, informa Hernan Alday, gerente de marketing.

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