São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Dole tira proveito máximo de reunião

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Bob Dole iniciou ontem a fase final, de 81 dias, de sua maratona de 16 anos para chegar à Presidência dos EUA.
Pesquisa divulgada pela rede de TV CNN mostra que ele ainda está 11 pontos percentuais abaixo do presidente Bill Clinton na preferência dos eleitores americanos.
Mas, após a convenção nacional do Partido Republicano que formalizou sua candidatura, Dole está mais animado do que nunca em relação ao resultado da eleição.
O que ele conseguiu nesta semana pode não ter sido o suficiente para elegê-lo presidente em 5 de novembro. Mas provavelmente teria sido impossível obter mais.
Dole, 73, uniu o partido da oposição como nenhum outro candidato desde a Segunda Guerra Mundial (exceto Ronald Reagan em 1980 e 1984), escolheu o mais atraente candidato republicano à Vice-Presidência desde Richard Nixon (em 1952 e 1956), fez o melhor discurso de sua carreira política de 45 anos, energizou correligionários que há apenas uma semana admitiam em público que as esperanças de vitória em novembro estavam próximas do zero.
Pelo que se pode depreender da convenção, Dole vai basear a sua campanha na questão do caráter.
Os americanos devem escolhê-lo para a Presidência, argumenta Dole, porque ele, e não Clinton, possui os valores morais e a personalidade capazes de levar o país aos tempos melhores da década de 50.
O problema é que, para a maioria dos americanos, a década de 50 é uma abstração, e os quatro anos do governo Clinton têm sido melhores, em termos econômicos, do que os da administração de George Bush, do partido de Dole.
Dole disse em seu discurso saber que houve tempos melhores nos EUA porque ele os viveu. Mas, para quem está bem, como a maioria dos eleitores, o salto no escuro, mesmo que para um pretérito idealizado, é sempre um risco.
O que mais atrai nas propostas de Dole é sua promessa de cortar os impostos em 15% e revolucionar o sistema da receita federal.
A maioria dos eleitores, mostram as pesquisas, acha que essa política vai aumentar ainda mais o já enorme déficit público federal.
Mas foi isso o que Ronald Reagan fez durante oito anos, e ele ainda é o mais popular presidente americano do pós-guerra, apesar, ou talvez por causa disso.
Daqui a nove dias, Clinton, agora em férias, inicia o seu contra-ataque, com a convenção de seu partido, o democrata.

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