São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Para Ednalva, Rossi é o homem mais bonito do país

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O homem mais bonito do Brasil para a empregada doméstica Ednalva Paiva, 45, é seu patrão, o candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PDT, Francisco Rossi.
"Dr. Rossi é amável, humilde e se iguala à gente", diz. "Ainda ontem ele comprou uns doces e foi oferecer na cozinha. Disse que ninguém pode passar vontade."
Ednalva, que em 1994 votou em Orestes Quércia para Presidente da República, garante que sabe distinguir muito bem um político corrupto de um honesto.
"Entrego tudo nas mãos de Deus", diz ela, que há 13 anos é crente. Desde então, mantém os cabelos longos, não usa calças compridas, nem bijuterias.
Ednalva é baiana, divorciada, e mora em São Paulo faz 19 anos. Tem três filhos "de maior" (24, 22 e 21 anos), duas moças e um rapaz.
Trabalha na casa do candidato do PDT há três anos e meio, cinco vezes por semana (de 8h às 17h), dois sábados por mês. Ganha R$ 600, mais cesta básica e condução.
Ela transferiu o título da Bahia para Carapicuiba (Grande SP), onde mora com os filhos em um apartamento próprio de dois quartos. Não vai poder votar em Rossi.
"Se o meu título fosse de São Paulo, votaria nele com certeza", diz. "Dr. Rossi é aquilo mesmo que a gente vê na TV", justifica.
Colega de trabalho
Ednalva reveza o trabalho doméstico com a paraibana Maria Helena Chaves, 34, que está na casa desde dezembro. Ednalva é cozinheira e Maria Helena, arrumadeira -ganha o mesmo salário e tem a mesma carga horária.
Maria Helena mora há dez anos em São Paulo, também é crente e divide com o marido metalúrgico (salário, R$ 400) e os dois filhos (13 e 9 anos) uma casa de dois cômodos (R$ 100 por mês).
"Estou construindo uma maior ali por perto", diz Maria Helena, que também mora em Carapicuiba e não vai poder votar no patrão.
Ela votou em Collor para presidente, depois em FHC. Se a eleição fosse do homem mais bonito do Brasil, ela trairia o patrão e votaria em Maurício Mattar.
Apesar de mulher e paraibana, como Erundina, Maria Helena não se identifica com a candidata do PT. "A Erundina é uma senhora muito antipática", diz.
O grande sonho de Maria Helena é fazer um curso de computação. "Não sei nada de computador, mas acho lindo", diz.

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