São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Empresas classificam o 'rating' dos maiores bancos

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Responda rápido: seu dinheiro está seguro no banco onde você mantém conta e faz aplicações? Ter absoluta segurança nessa resposta não é tarefa das mais fáceis, depois de duas dezenas de quebras de bancos após o Real.
Não há, na realidade, uma resposta unânime. Tudo depende dos olhos de quem vê o banco, de quanto dinheiro se está falando e de outras inúmeras implicações. Para elucidar um pouco a discussão, a Folha ouviu banqueiros e especialistas em análise de risco bancário, atividade conhecida como "rating"(classificação).
A primeira conclusão é que os pequenos depositantes estão completamente protegidos, desde janeiro, pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos), entidade criada pelo governo e mantida pelos bancos privados e públicos. O FGC cobre até R$ 20 mil por pessoa física ou jurídica em cada banco do país. Nos Estados Unidos, o seguro de depósito cobre até US$ 100 mil. Quem tem mais dinheiro que R$ 20 mil pode dormir tranquilo dividindo suas aplicações em quantas instituições for necessário -abrindo mão, é claro, das taxas de aplicação mais vantajosas nas grandes quantias.
Escolhendo o risco
Clientes mais ricos, que não podem ou não querem perder tempo administrando contas em diversos bancos, devem assumir o risco dos bancos escolhidos. As agências de "rating" podem ajudar nessa tarefa. Elas analisam a capacidade que os bancos têm de honrarem seus compromissos com os clientes.
A Folha compilou, nas tabelas deste caderno, as notas de 50 bancos segundo as agências Austin Asis (com sede em São Paulo), Atlantic Rating (Rio), SR Rating (Rio), Moody's Investors Service (Nova York) e IBCA (Londres). Cada uma tem critérios próprios de classificação e métodos de apuração de dados -com ou sem "full disclosure" (abertura total de informações) por parte dos bancos. Daí as eventuais diferenças entre as notas de um mesmo banco.
Veja nas tabelas explicativas o significado de cada nota. Essas avaliações circulam entre as instituições financeiras e foram fornecidas pelas próprias empresas, à exceção da Atlantic Rating, que não divulga o "rating" para o público. A Folha obteve no mercado as notas da Atlantic.
As empresas de "rating" estrangeiras (Moody's e IBCA) limitam suas notas ao risco soberano do Brasil. Assim, nenhum banco pode ter uma nota maior que a do país, já que estão sujeitos à interferência direta do governo no cumprimento de seus contratos. A moratória da dívida externa em 1988 e o bloqueio da poupança pelo Plano Collor, em 1990, sustentam essas limitações.
Boletins
Os bancos com os melhores "boletins" são Bradesco e Itaú, os dois maiores privados. Ambos têm a terceira melhor nota da Austin Asis, A, quanto ao desempenho em 1995. Essas notas estão sendo elevadas no primeiro semestre do ano para AA, segundo o diretor da Austin, Erivelto Rodrigues. Na escala da Atlantic Rating, que classifica os bancos em parceria com a norte-americana Thomson Bank Watch, Bradesco e Itaú levam a nota máxima, A, assim como o BFB, pertencente ao Itaú.
Os dois gigantes têm nota C+ da Moody's (força financeira) e nota B da inglesa IBCA (desempenho).
"Fazemos o 'rating' de mais de 60 bancos na América Latina e só cinco deles têm nota A: Bradesco, Itaú, BFB e dois outros bancos chilenos. Isso mostra que o Brasil tem bancos fortíssimos", diz Paul Bydalek, presidente da Atlantic Rating. Segundo ele, os bancos com notas ruins não irão, necessariamente, ter o mesmo desfecho dos finados Nacional e Econômico. "O risco bancário existe a partir de R$ 20 mil por pessoa, mas não podemos esquecer que o governo protegeu os depositantes nas grandes intervenções, até no Banespa", afirma Bydalek.

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