São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996
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Delegado diz que Paula golpeou atriz

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

O delegado Newton Moreira Lopes, 54, afirmou à Folha ter ouvido Paula Thomaz dizer que deu o primeiro dos golpes que atingiram e mataram a atriz Daniella Perez.
O advogado de Paula, Carlos Eduardo Machado, nega que ela tenha confessado (leia abaixo).
A suposta confissão de Paula teria ocorrido na noite de 29 de dezembro de 1992, no pátio dos fundos da 16ª DP (Delegacia de Polícia), na Barra da Tijuca (zona sul do Rio). Daniella havia sido morta na noite anterior.
No próximo dia 28, Paula, 22, e o ex-marido, Guilherme de Pádua, 26, serão julgados sob acusação de terem matado Daniella.
A atriz era parceira de Pádua na novela "De Corpo e Alma", de autoria da mãe de Daniella. O julgamento ocorrerá no 1º Tribunal do Júri do Rio.
Lopes era um dos delegados da 16ª DP na época do crime. Ele estava de plantão no dia 29 quando, no início da noite, foi orientado pelo delegado Cidade de Oliveira Fontes Filho, presidente do inquérito, a ir ao pátio falar com Paula.
Ela havia chegado ao pátio conduzida pelos detetives Valdir de Andrade e Nelson Peixoto, que tinham ido à casa dela (Copacabana, zona sul) para interrogá-la.
Chegada disfarçada
Os detetives disseram a Fontes Filho que Paula confessara o crime quando ainda estava em casa. O delegado mandou trazê-la à DP.
Por causa dos jornalistas que lotavam a entrada da DP, Fontes Filho mandou os policiais chegarem com Paula pelo estacionamento. A seguir, enviou o delegado Lopes e o inspetor Nélio Machado para ouvi-la.
"Colocamos a Paula sentada nos fundos da delegacia e ela repetiu o que havia dito em casa: que deu a primeira tesourada em Daniella, sentiu um 'branco' e o Guilherme acabou o serviço", disse Lopes.
Incoerências
No depoimento prestado ao presidente do inquérito naquele mesmo dia, Lopes não foi tão preciso. Ao depor, ele disse que a suposta participação de Paula lhe foi relatada pelo detetive Andrade. Afirmou ainda não ter ouvido "uma narrativa completa" da acusada.
Questionado pela Folha sobre a contradição, Lopes disse que em um segundo depoimento apresentou uma versão mais detalhada.
Os policiais Andrade, Peixoto e Machado apresentaram em depoimentos à polícia e à Justiça versões parecidas com a de Lopes.
Todos dizem que, naquela noite, Paula confessou ter participado da morte da atriz.
A suposta confissão da acusada nunca chegou ao papel.
Segundo os policiais, ela disse que passava mal e que poderia abortar (estava grávida de quatro meses).

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