São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Serra tenta reduzir atrito com católicos

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

José Serra tenta hoje, em encontro com d. Paulo Evaristo Arns, cardel-arcebispo de São Paulo, amenizar a repercussão negativa da negociação que resultou no apoio da Igreja Universal do Reino de Deus à sua candidatura a prefeito paulistano.
Na semana passada, o candidato reforçou em sua agenda visitas a entidades assistenciais controladas pela Igreja Católica.
A avaliação majoritária no próprio PSDB aponta que a relação custo/benefício do apoio da Universal não foi favorável a Serra.
Primeiro, pela suspeita que envolveria favores governamentais a empresas da Universal. Depois, por jogar ainda mais os grupos católicos nos braços da candidatura de Luiza Erundina (PT).
Culpa da imprensa
Arnaldo Madeira, candidato a vice-prefeito na chapa de Serra e um dos articuladores da união entre a Universal e a candidatura tucana, junto com o ministro Sérgio Motta, admite que houve prejuízo.
"A imprensa divulgou coisas que não existiram e de um jeito ruim", afirmou Madeira sobre o noticiário apontando suspeitas no acordo concretizado por Motta.
O deputado estadual Paulo Kobayashi, presidente do diretório paulistano do PSDB, fez ontem uma autocrítica sobre o cenário que a direção tucana vislumbrava com a candidatura Serra.
"Tínhamos uma avaliação totalmente equivocada há dois meses", disse o deputado. Segundo ele, o cálculo do PSDB era de que o simples lançamento de Serra já o colocaria no dia seguinte em segundo lugar nas pesquisas.
"A dúvida é se precisaríamos de segundo turno para vencer", afirmou o dirigente do partido. "A cúpula tucana, incluindo a nacional e a nossa de São Paulo, achava uma eleição tranquila e que a candidatura não ia descambar para o quarto lugar", acrescentou.
Kobayashi argumentou que o PSDB subestimou a força dos atuais prefeitos, que contam agora com os recursos assegurados na Constituinte de 88. Isso, em seu entender, deu fôlego à candidatura malufista de Celso Pitta (PPB).
Apesar de tudo, Kobayashi ainda acredita na recuperação de Serra. "Faltam 45 dias para a eleição e há grande chance de irmos para o segundo turno", acha. Um segundo turno, em seu entender, daria a Serra a possibilidade de superar Pitta no "efeito comparativo".

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