São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Clube dos 13 admite caixa 2 no futebol

Dirigente aponta sonegação

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, associação que reúne as principais equipes de futebol do Brasil, disse em entrevista à Folha que os clubes sonegam impostos no país.
"Vou lhe dizer uma coisa: o Grêmio é o único clube do Brasil que não tem caixa 2", afirmou Koff, que também é presidente da equipe gaúcha.
Caixa 2 é a expressão normalmente usada para indicar uma contabilidade paralela em uma empresa. O objetivo é reduzir o valor do dinheiro declarado e evitar tributação fiscal.
Koff fez essa afirmação ao comentar o caso da dívida dos clubes com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
A Folha revelou no último domingo que o valor devido por 23 dos 24 clubes que disputam o Brasileiro chega a R$ 76,5 milhões.
Só o Criciúma (SC) não tem dívidas com INSS e FGTS.
Na intenção de defender a sua equipe, Koff acabou acusando as demais.
Clubes negam
A Folha ouviu dirigentes de algumas equipes que disputam o Brasileiro e fazem parte do Clube dos 13. Todos negaram a existência de caixa 2 (leia texto abaixo).
Koff afirmou ainda que o Grêmio é a única equipe do país sem dívidas junto à Receita Federal.
"O Grêmio é o único clube do Brasil que está rigorosamente em dia com o Imposto de Renda. Não deve um centavo", disse.
A Receita Federal não divulga o valor da dívida dos clubes com o Imposto de Renda.
Suspeita
Mas tanto a Receita quanto a Previdência Social suspeitam de sonegação no futebol profissional.
O caso mais recente envolvendo Imposto de Renda diz respeito ao Palmeiras. O clube paulista seria suspeito de fazer pagamentos não declarados a funcionários, jogadores e técnicos.
A Receita Federal investigou o caso, mas não divulgou o resultado da fiscalização na contabilidade do clube.
Já o INSS suspeita de fraude em borderôs das partidas de futebol. A Previdência Social recebe 5% da renda bruta das partidas. Os clubes com dívida parcelada pagam ainda 5% de sua renda líquida.
Reduzindo o número de torcedores pagantes nos borderôs, as equipes diminuiriam a renda da partida e, consequentemente, pagam menos imposto.
O INSS faz poucas fiscalizações em estádios.
O Clube dos 13, presidido por Koff, controla o futebol de elite no Brasil junto com a Confederação Brasileira de Futebol.
É ele que decide a fórmula de disputa do Campeonato Brasileiro e negocia os direitos de TV.

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