São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996 |
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Nas mãos de Deus
JUCA KFOURI Perder para o Atlético-MG no Mineirão não é desonra para ninguém. Empatar com o Criciúma, mesmo em casa, também não chega a ser nenhuma catástrofe. E ser derrotado pela Portuguesa faz parte do dia-a-dia de qualquer time paulista.Então, por que andam tão irritados os corintianos? Pior do que ganhar apenas um ponto em nove disputados, foi ver o Corinthians jogando para menos de mil pessoas em Araras. A irritação alvinegra, é claro, tem muito a ver com o mau desempenho do time. Se o Corinthians tivesse ganhado os três jogos que disputou -e com um pouco de sorte poderia tê-los vencido-, ninguém estaria chiando, ao contrário, haveria quem já visse neste grupo um punhado de bravos, dotados da mística mosqueteira, capazes de com sangue e suor superar suas deficiências. A indignação corintiana nasce da constatação de que este grupo não só não ganhou de ninguém como nada tem a ver com as melhores tradições do Parque São Jorge. Se, no entanto, o time estivesse jogando com Ronaldo, Rodrigo, Célio Silva, André Santos e Silvinho; Bernardo, Marcelinho Souza, Marcelinho e Souza; Tiba e Deus, pronto, tudo seria diferente e a nação corintiana estaria no melhor dos mundos, mesmo depois da venda de Zé Elias. Sim, porque com Deus para fazer os gols que estão faltando o Corinthians seria quase imbatível... Quase, porque do outro lado sempre haverá Muller e Valdir, Djalminha e Luizão, Sávio e Bebeto e por aí afora. Já que Deus não está podendo dar essa mãozinha, e não atende pelo apelido de Viola, como o técnico Valdyr Espinosa quer fazer crer, quem sabe se Ele não poderia fazer o favor de criar alguém para dirigir o Corinthians com a verdadeira dimensão do significado que tem o clube mais popular do Estado mais populoso e mais rico do país. Sim, sempre é bom lembrar que se o Flamengo tem mais torcida que o Corinthians no Brasil, o Corinthians tem em São Paulo mais torcedores do que o Flamengo tem no Rio de Janeiro, potencial inesgotável se houvesse um mínimo de vida profissional e inteligente na direção alvinegra. Como não há, e não é de hoje (na verdade só mesmo no começo dos anos 80, com a Democracia Corintiana, o clube teve uma direção à altura), resta rezar para que a sorte mude e para que, ao menos, o clube escape da segunda divisão. Se Deus quiser. Texto Anterior: Nível fraco; Sobrevivência; Números, números... Próximo Texto: Defesa invicta é trunfo do Palmeiras contra o Vasco Índice |
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