São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 1996
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Vêm aí os sem-Internet?

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Depois dos sem-teto e sem-terra, vêm aí os sem-Internet? Pelo menos nos Estados Unidos, parece que sim.
A pesquisa mais recente, divulgada pela Nielsen, demonstra que entre agosto do ano passado e abril deste ano o acesso à Internet cresceu 50% nos Estados Unidos e Canadá.
O levantamento demonstra que a rede está virando coisa de classe média.
Entre os veteranos da Internet, 55% tinham educação superior e 27% ganhavam pelo menos US$ 6.500 mensais.
Dentre os novos usuários, só 39% têm diploma de faculdade e 17% atingem aquela renda.
Trocando em miúdos, o que começou como coisa dos almofadinhas aos poucos está virando objeto de consumo da média da população.
Esses dados não bastaram para tranquilizar aqueles que querem a Internet para todos.
Segundo eles, a sociedade vai se tornando mais e mais dependente da rede para troca de informações e transações comerciais, e milhões de pessoas correm o risco de viver à parte do ciberespaço, condenados à categoria dos sem-Internet.
A conclusão é daqueles que têm se esforçado para evitar isso. Gente envolvida com projetos dedicados a tornar a rede mais acessível.
Em Boston, um grupo batizado de Virtually Wired abriu uma loja no centro da cidade acreditando que atrairia gente de baixa renda e até mendigos para lidar com computadores.
Viu-se invadido por executivos em horário de almoço, estudantes desocupados e vendedores das lojas da região.
Um dirigente do projeto tirou uma conclusão óbvia: "Os mendigos têm outras prioridades. A compra de um computador é o terceiro maior investimento na vida das pessoas, depois da casa e do carro".
Isso não diminuiu o entusiasmo dos que trabalham para evitar que o mundo se divida entre os "computer nerds" e os analfabetos da informática.

Investimento público
O objetivo deles é tornar a Internet tão acessível quanto o telefone. Batalham por investimento público e privado para vencer as barreiras de renda, raça, idade e local de residência.
Uma experiência bem-sucedida acontece na Califórnia. Numa estação de trens de subúrbio da cidade de Compton, foi montado o Metro Blue Line Tele Village. Ao custo anual de US$ 10, qualquer pessoa pode frequentá-lo para aprender a lidar com computadores, visitar a Internet ou jogar videogame.
Com um computador razoável custando pelo menos US$ 1.000 com os acessórios básicos, os idealistas da Internet sem fronteiras correm contra o tempo.
Estimam que em dez anos quem não souber usar o computador ou acessar a rede terá poucas chances de conseguir um emprego no setor de serviços, que é o que mais cresce nos EUA.

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