São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Covas discute criminalidade com Fiesp

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas agendou para hoje um encontro com Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de SP, e com Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
A reunião foi convocada por Covas, que ligou pessoalmente para Moreira Ferreira e Szajman. Até o início da noite de ontem, Covas tentava integrar à reunião algum nome da área sindical.
O objetivo do governador é aproveitar a mobilização generalizada em torno do combate à violência -que culminou com a criação do Reage São Paulo- e costurar uma política de segurança pública que inclua indústria, comércio e trabalhadores.
Com a contratação de 1.780 policiais e a compra de 2.000 veículos para a Polícia Civil e para a PM (leia texto abaixo), Covas quer mostrar aos representantes do comércio e da indústria que o governo do Estado está tentando fazer a sua parte para reduzir os índices de criminalidade.
O encontro de hoje acontece depois de tiroteio verbal entre o secretário estadual da Segurança Pública, José Afonso da Silva, e os empresários da Fiesp, que acusam o governo do Estado de não ter uma política eficiente para conter a violência.
Para o secretário, uma das principais razões para o aumento da criminalidade em São Paulo é o desemprego gerado pela indústria.
Nos últimos 12 meses, só no Estado de São Paulo, foram fechadas 281 mil vagas na indústria. No mês passado, 14.399.
"Coisa normal" Segundo José Afonso, "esse fogo de discussão é uma coisa normal". "Faz parte dos direitos humanos", frisou.
Logo após a reunião com o governador no Palácio dos Bandeirantes, o secretário afirmou que não está interessado em polemizar com a Fiesp: "O que eu disse está dito. O que ele (Moreira Ferreira) disse está dito. A Fiesp é uma entidade que merece consideração e seu presidente, meu respeito".
José Afonso não vai participar do encontro de hoje. O secretário disse que não acredita que a troca de acusações com o presidente da Fiesp vá atrapalhar um entendimento do governo do Estado com os empresários. "Essa é minha opinião, mas é preciso perguntar para ele."
José Afonso espera que o governador vá além das reuniões com líderes da indústria e do comércio na busca de soluções antiviolência: "Vejo com bons olhos a participação popular nesse processo. Falo popular porque suponho que isso vá incluir também o povão da periferia".

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