São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Produção industrial cai 4,6% no semestre

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial brasileira, medida pelo IBGE, fechou o primeiro semestre deste ano com uma queda de 4,6%. Em junho houve um ligeiro crescimento, de 0,5% em relação a maio, já descontados os fatores sazonais (especificidades de cada mês que distorcem as estatísticas).
Em relação a junho do ano passado, a produção de junho deste ano apresentou um desempenho negativo de 3,9%.
Segundo cálculos de Sílvio Sales, chefe do Departamento de Indústria do IBGE, para alcançar um crescimento de 1% este ano a indústria brasileira terá de crescer no segundo semestre 7% em relação ao segundo semestre de 95.
Na avaliação de Sales, a projeção mais correta para o desempenho industrial deste ano é um crescimento em torno de 0,5%.
Será o segundo ano consecutivo em que o desempenho da indústria de transformação e extrativa mineral ficará menor que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que mede o conjunto das riquezas produzidas no país.
No ano passado, o PIB cresceu 4,2% e a indústria, 1,7%. Para este ano, a última estimativa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, para o crescimento do PIB é de 2,8%.
O IBGE divulga hoje o resultado do PIB no primeiro semestre do ano. Na estatística do PIB, os números da produção industrial são diferentes dos que foram divulgados ontem porque englobam outros fatores, como o desempenho da construção civil.
Os dados divulgados ontem mostram que, por categorias de uso, apenas a produção de bens de consumo cresceu no primeiro semestre (1,2%), tendo ocorrido um aumento de 2,7% entre os bens duráveis e de 0,8% entre os semiduráveis e os não-duráveis.
Já entre os bens de capital (usados para fazer outros produtos, máquinas, por exemplo) houve uma queda de 25,5%. E entre os bens intermediários (usados na produção de outros, autopeças, por exemplo) a queda foi de 2,9%.
Recuperação
Sílvio Sales disse que, apesar do desempenho negativo do primeiro semestre, o movimento da produção industrial é de recuperação.
Na comparação trimestral, enquanto de janeiro a março houve uma queda de 9,1% em relação ao mesmo período de 95, de abril a junho a queda foi de apenas 0,1%, sempre comparando com o mesmo período do ano anterior.
Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o desempenho do segundo já foi positivo 2,5%.
Segundo Sales, a produção industrial está fazendo o caminho inverso à do ano passado, quando começou crescendo na faixa de 10% no primeiro semestre e acabou com um crescimento de 1,7%.
Este ano o desempenho começou negativo, mas Sales disse que, com a reversão da curva observada desde o segundo trimestre, a tendência é chegar ao final do ano com um número positivo, ainda que inferior ao de 95.
Segundo os dados do IBGE, a recuperação do segundo trimestre está demonstrada em 17 dos 20 ramos industriais pesquisados, com destaques para a indústria química, que passou de 6,8% negativos no primeiro para 15,1% positivos no segundo trimestre.

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