São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Violência dá lucro para esportistas

'Brigões' dão voltam por cima

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Impulsos violentos não são obstáculos para uma carreira profissional e podem até impulsioná-la.
Os brasileiros Edmundo e Júnior Baiano, o francês Cantona e os norte-americanos Charles Barkley e Dennis Rodman sabem disso e, coincidentemente, vivem atualmente momentos decisivos.
Todos tiveram desenhadas suas trajetórias esportivas por brigas, lucrando com as transferências e virando garotos-propaganda.
Barkley e Rodman aproveitam a fama de intragáveis para vender os lanches da cadeia McDonald's.
Edmundo associa sua imagem de "animal" a produtos que vão de chuteiras a relógios de pulso.
As bordoadas de Cantona o levaram a capas de discos de rock e comerciais de xampu e tênis.
Volta às origens
O flamenguista Júnior Baiano marcava o vascaíno Edmundo em um jogo de 92. Trocavam ameaças, até que Edmundo dominou a bola, se aproximou do rival, mas o drible foi interrompido por um soco.
Quatro anos depois, os dois estão de volta aos times em que se projetaram nacionalmente.
Em sua rota, Edmundo embolsou R$ 270 mil ao passar do Vasco ao Palmeiras, com salário mensal R$ 30 mil. Lá, ganhou dois Paulistas, dois Brasileiros, brigou com companheiros, com rivais e até com um cinegrafista equatoriano.
Levou para casa mais R$ 750 mil ao se transferir ao Flamengo. No Rio, brigou com o argentino Zandoná, do Vélez, e se envolveu em um acidente de carro.
Emprestado ao Corinthians, seu salário subiu para R$ 60 mil mensais, mais R$ 15 mil de um fabricante de chuteiras.
Por seu lado, Júnior Baiano teve passagem calma pelo São Paulo, mas com uma série de expulsões nos últimos jogos pelo time, quando já vendido ao alemão Werder Bremen por US$ 2,2 milhões, mais US$ 450 mil que ficaram com ele.
Na semana passada, deu um soco na nuca de um adversário, levou suspensão e foi vendido ao Flamengo por US$ 1,1 milhão.
Cusparadas e socos
Em 87, o genioso Cantona jogava pelo Auxerre, bateu no goleiro de sua equipe e foi mandado embora.
No ano seguinte, foi banido da seleção francesa por chamar o técnico Henri Michel de "um monte de merda". Passou ao Olympique de Marselha por US$ 3,4 milhões.
Foi emprestado ao Bordeaux após jogar sua camiseta na cara do técnico ao ser substituído. Passou ao Montpellier e, após uns encontrões no vestiário com seus colegas, foi devolvido ao Olympique.
Já no Nimes, recebeu duas suspensões. Uma por arremessar a bola contra um árbitro, a outra por chamar os dirigentes franceses de "uma bando de idiotas".
Indo para o Manchester United, da Inglaterra, por US$ 1,9 milhão, cuspiu em um torcedor, foi algemado nos EUA por agredir um policial e ganhou uma suspensão por oito meses por dar uma "voadora" em um torcedor rival.

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