São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996
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PPB não quer discutir reeleição em 1996

MARTA SALOMON
LUCIO VAZ

MARTA SALOMON; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Amin diz que candidatura de Maluf à Presidência ainda 'é um sonho' e nega divisão do partido

Os planos do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, para disputar o Palácio do Planalto não constituem a única alternativa de seu partido -o PPB- à sucessão presidencial em 1998.
O presidente do PPB, o senador Esperidião Amin (SC), disse ontem que, por enquanto, a eventual candidatura de Maluf é "uma idéia, um sonho".
Segundo o senador, o partido está aberto a discutir a proposta de reeleição em 97, mas não pretende tratar do assunto até o fim do ano.
"No próximo ano, tudo é possível. Mas, certamente, este assunto não vai ser discutido neste ano. Querer aprovar agora, a golpe de mão, nem o presidente quer."
O senador criticou a proposta do PFL de votar a reeleição a partir de outubro. "O PFL fez uma declaração para agradar o presidente. Foi uma declaração de comensais."
São Paulo
Para Amin, a reeleição não depende da eleição em São Paulo, como afirmam alguns analistas. "Vai depender da situação econômica do país, do nível de emprego, da estabilidade econômica."
Amin afirmou que "o partido não está fechado ao diálogo", mas lembrou que o PPB decidiu, em sua convenção nacional, realizada em abril, adiar para 1997 a discussão sobre reeleição.
"Se o presidente disser que quer discutir agora, teremos que convocar nova convenção", disse.
Na avaliação de Amin -interlocutor assíduo de Maluf-, o PPB poderá até vir a apoiar FHC na eleição ao Planalto. "Ainda vai rolar muita água", calculou.
Atento ao resultado das eleições municipais, o presidente do PPB avalia que a eventual vitória de Celso Pitta não elevará automaticamente Maluf à condição de candidato ao Palácio do Planalto.
Governo paulista
O próprio Maluf, quando fala de seu futuro político, traça duas alternativas: disputar a Presidência da República ou o governo do Estado de São Paulo em 1998.
Ainda no terreno das hipóteses, Amin disse que o mais importante aspecto da sucessão presidencial será o desempenho da economia. "Se tivermos crescimento econômico e emprego, poderá se repetir aqui o fenômeno argentino".
No ano passado, o presidente Carlos Menen garantiu a reeleição -que a Constituição argentina também proibia- com amplo apoio político.
Os defensores do projeto de reeleição -comandado pelo PSDB e pelo PFL- apostam num racha do PPB, certos de que Paulo Maluf não domina todos os 91 votos da terceira maior bancada da Câmara dos Deputados para o primeiro embate do projeto.
'40% do PFL'
"Se dizem que o Maluf não é dono do PPB, posso dizer que ele tem uns 40% dos votos do PFL", ironizou Amin sobre a divisão de seu partido. Engajado na reeleição de FHC, o presidente da Câmara, Luís Eduardo (PFL-BA), ainda espera convencer o PPB, assim como o PMDB, a abrir o debate da proposta em outubro.

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