São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996
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Malan diz que resultados da balança 'não significam nada'

"Histeria da inflação foi transferida ao comércio exterior"

DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse que os resultados mensais da balança comercial (exportações e importações) "não significam nada".
Para ele, "catastrofistas, pessimistas e alarmistas de plantão" transferiram a "histeria com que se aguardava a divulgação dos índices semanais de inflação para os resultados da balança".
Segundo Malan, os números mostram que não há um problema cambial. Nos primeiros sete meses de 96, disse, para um volume no comércio exterior acumulado de R$ 55,3 bilhões, o déficit é de apenas R$ 630 milhões.
Malan afirmou que o que importa é a tendência de longo prazo. Lembrando que o México acumulou déficits crescentes por quatro anos, Malan afirmou que para ter um déficit comparável ao mexicano, o do Brasil teria de somar US$ 35 bilhões.
O ministro lembrou ainda que o saldo negativo na conta corrente (que soma os resultados do comércio exterior e de ingressos e saídas de divisas), também nos sete primeiros meses deste ano, é de US$ 7,5 bilhões, sendo que US$ 4,5 bilhões correspondem a investimentos produtivos.
Malan reafirmou que o governo continua compromissado com uma trajetória declinante para a inflação e chamou de irresponsáveis os que admitem um pouco mais de inflação para ter mais crescimento.
Comemorando a menor taxa em 40 anos -na média dos índices deve fechar 1996 em 12%-, o ministro descartou qualquer possibilidade de volta da indexação, inclusive dos salários, e defendeu a livre negociação. "Os sindicatos não precisam mais da tutela do governo."
Os empresários presentes à entrega do prêmio "Melhores e Maiores", concedido pela revista "Exame", respiraram aliviados. Sérgio Haberfeld, presidente da Dixie-Toga, disse que se a Justiça concedesse a indexação salarial, "nós todos morreremos na praia".
O ministro previu um crescimento acumulado "de, no mínimo, 30% do PIB (Produto Interno Bruto, uma medida da riqueza nacional) entre 1993 e 1998". Descontados os resultados já apurados, o país terá de crescer 10% em 97 e 98.
O grande entrave, lembrou o ministro, é o ajuste das contas públicas. Descartando "grandes viradas", o ministro disse que se está avançando.
Entre os 26 Estados, lembrou, 19 já fecharam acordos com o governo federal para o ajuste e, "mesmo que mais lentamente do que gostaríamos", o processo de privatização vai continuar.
No caso da reforma da Previdência, Malan lamentou que tenha de ser o "aprofundamento da crise" que mostre a impossibilidade da continuidade do atual modelo.
Segundo o levantamento, a melhor empresa do ano foi a Semp-Toshiba. Seu presidente, Affonso Hennel, creditou o resultado a dois fatores: crescimento do mercado consumidor e a possibilidade de importar componentes e tecnologia.

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