São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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SP vira palco da batalha da sucessão de 98

DA REDAÇÃO

A sucessão presidencial em 1998 transformou São Paulo no principal palco da batalha entre o prefeito da cidade, Paulo Maluf (PPB) -presidenciável declarado- e o ministro Sérgio Motta (Comunicações) -principal articulador da proposta de reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Ontem, em situações distintas, os dois travaram uma feroz troca de acusações e ofensas.
Maluf, inicialmente, reagiu à ofensiva do Palácio do Planalto para assegurar o apoio do PFL, principal aliado de FHC no Congresso, à articulação para votar ainda neste ano a emenda constitucional que permite ao presidente tentar permanecer mais quatro anos no comando do país.
O prefeito, em entrevista à Folha, colocou sob suspeita o processo chefiado por Motta para assegurar apoio ao interesse do Planalto.
"Vindo de quem vem capitaneando o processo de reeleição, só se pode esperar corrupção", afirmou Maluf.
A reação do pepebista se deve ao temor de ver a cooptação de seus correligionários no Congresso em favor da emenda pró-FHC. Ele chegou a ameaçar com expulsão e perda de mandato os parlamentares do PPB que discutirem a reeleição neste ano.
Anteontem, o presidente nacional do PPB, Esperidião Amin (SC), afirmou que a legenda está aberta a discutir a proposta em 97. "O partido não está fechado ao diálogo."
Sobre a candidatura à Presidência, Amin disse que a considera "uma idéia, um sonho".
A eleição municipal em São Paulo extrapolou os limites do município à medida em que o candidato malufista, Celso Pitta, disparou nas pesquisas e seu adversário apoiado pelo Planalto, José Serra (PSDB), desce a ladeira nas pesquisas de intenção de voto.
Diante de um cenário de desastre eleitoral, como o próprio Motta reconheceu nesta semana ao considerar que a condução da campanha de Serra está errada, o ministro voltou suas baterias ontem contra Maluf e Pitta.
O líder do PPB, disse Motta em uma cerimônia em São Paulo,"trabalhou para o regime militar, consolidou o autoritarismo, foi a favor da censura à imprensa".
"O que Pitta fez na vida? Foi um bom administrador? De quê? da Eucatex, a empresa do prefeito? Ele era boy da empresa? Era executivo ou era o cara que operava o caixa do prefeito?", disparou o ministro na mesma oportunidade.
A chance de o prefeito conseguir fazer de seu candidato o seu sucessor amplia o cacife político malufista. E, com isso, recupera a imagem de liderança nacional de Paulo Maluf.
Ao Planalto e a Motta, cabem agora tentar evitar a consolidação daquele que poderá ser o maior obstáculo aos seus planos.

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