São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Saúde pesa mais no bolso de paulistanos

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

O Dieese começou a apurar a taxa de custo de vida de São Paulo com base na sua quarta pesquisa de POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares). Iniciada em dezembro de 1994 e terminada em 1995, a POF coletou dados sobre os hábitos de consumo de 1.536 famílias paulistanas.
O objetivo da POF é coletar dados sobre todos os itens de consumo das famílias pesquisadas. Foram levantadas informações das famílias sobre domicílio, renda familiar, situação ocupacional, despesas com moradia, serviços, manutenção de domicílio, bens duráveis, semiduráveis, educação, cultura, saúde, veículos próprios, transporte, vestuário e lazer.
Ao todo foram pesquisados 763 bens e serviços, representando 90% das despesas das famílias. O Dieese fará aproximadamente 50 mil cotações mensais de preços.
A exemplo da Fipe, a pesquisa do Dieese passa ser quadrissemanal.
A nova POF foi financiada em 80% pelos sindicatos associados ao Dieese e outros 20% foram desembolsados pela Federatie Nederlandese Vakbeweging (FNV).
Alimento pesa menos
A nova pesquisa da POF mostrou que os alimentos estão pesando menos no bolso dos paulistanos.
A última POF mostrou que os paulistanos estão gastando apenas R$ 27,44 com alimentos. Para Annez Andraus, consultora do Dieese, esses gastos não diferem muito dos registrados em Londres.
O grande salto na POF mais recente do Dieese ficou para o setor de saúde. Na década de 80, de cada R$ 100 gastos, os paulistanos destinavam apenas R$ 4,95 para saúde. Atualmente, esses valor subiu para R$ 8,18, ou seja, 65% a mais.
Antônio Prado, coordenador técnico do Dieese, diz que esses aumentos de gastos com saúde mostram a degradação do serviço público. Esses problemas se estendem também para outros serviços públicos, como a educação.
A decadência do sistema público faz com que os paulistanos gastem hoje 6,33% de seus orçamentos com educação, contra 1% em 1958.
Hábitos de consumo
A nova POF mostra também mudanças de hábitos no consumo dos paulistanos. Novos produtos passaram a fazer parte do dia-a-dia dos consumidores, enquanto outros foram eliminados.
A pesquisa de preços do Dieese, por exemplo, exclui de sua planilha a TV branco e preto. Durante todo o período da pesquisa (um ano), nenhuma das 1.536 famílias que participaram da POF compraram esse tipo de aparelho.
O mesmo ocorreu com o disco de vinil. As aquisições foram tão pequenas que a instituição resolveu retirá-lo de seu índice.
Ao contrário, a abertura da economia trouxe para o país uma série de novos equipamentos eletroeletrônicos, que a partir de agora estão incorporados no índice. Entre eles estão computadores, CDs, videocassetes e discos laser.
A nova pesquisa incluirá, ainda, serviços como aluguel de fitas, comida por quilo, comida pronta e leite longa vida.
O seguro-saúde e os convênios pesam mais na nova composição do índice, enquanto consultas médicas diminuíram sua participação. Os únicos desses serviços que ainda têm relativo peso no índice são de dentistas.

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