São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Empresas somam prejuízo de R$ 73 mi

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento da oferta de carnes de frango e suína e a alta nos preços do farelo de soja e do milho, aliados à estabilização do consumo, levaram grandes indústrias a fechar o primeiro semestre no vermelho.
Cinco fabricantes de carnes e seus derivados -Chapecó, Ceval, Perdigão, Frango Sul e Sadia-, por exemplo, somaram prejuízo de cerca de R$ 73 milhões nos primeiros seis meses do ano.
Animadas com o consumo provocado pelo Plano Real, essas e outras empresas do setor expandiram a produção.
Na carne de frango o aumento foi de 23% em 1995 sobre 1994 e de 1,2% no primeiro semestre deste ano sobre igual período de 1995.
Na carne suína o crescimento foi de 15% em 1995 sobre 1994 e de 8% no primeiro semestre deste ano sobre igual período do ano passado, informa a Uba (União Brasileira de Avicultura).
"O setor foi vítima do Plano Real. Apostou na produção. Só que com o excesso de oferta e a estabilização no consumo fica difícil o repasse dos custos", diz Clóvis Puperi, diretor executivo da Uba.
Pelos seus cálculos, os custos das empresas de carnes e derivados subiram de 15% a 20% em um ano. "Mas o preço do quilo do frango inteiro no atacado, por exemplo, continua entre R$ 1,05 e R$ 1,15."
Luiz Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, que fechou o primeiro semestre do ano com prejuízo de R$ 11,5 milhões, diz que os preços do farelo de soja e do milho subiram 70% e 50%, respectivamente, num ano.
A Perdigão, que fechou o primeiro semestre com prejuízo de R$ 1,4 milhão, deve terminar o ano com produção de 400 mil toneladas de carnes e derivados -cerca de 30% maior do que a de 1994.
"Até que o consumo está indo muito bem. O problema é o excesso de oferta e a alta do preço do milho, que provocaram queda de 10%, em média, nos nossos preços", diz João Rozário, vice-presidente comercial.
Para Puperi, o consumo de frango inteiro diminuiu sim no país -um quilo per capita no último ano. "Isso é reflexo do desemprego e falta de correção salarial."
O prejuízo da Ceval no primeiro semestre foi de R$ 12,3 milhões; da Chapecó, de R$ 30 milhões; e da Frango Sul, de R$ 17 milhões.
As indústrias de carnes e derivados já estão adequando a produção ao consumo. "É a única alternativa, já que não podem aumentar preços", diz Puperi.
Furlan conta que o plano da empresa era aumentar em 15% a produção de industrializados de carnes neste ano sobre 1995. "Devemos crescer 8%."
Para ele, haverá recuperação de preços nos próximos meses. Puperi acredita que o preço do quilo do frango inteiro no atacado deve chegar entre R$ 1,25 e R$ 1,30 até o final do ano.

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