São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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"Investidor só pode olhar para a frente"

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Não importa o passado. Por isso, jogue no lixo as informações sobre o valor patrimonial de uma empresa. O investidor só pode olhar para a frente ou para os lados. Nunca para trás.
É o que prega o professor Aswath Damodaran, da Stern School of Business da New York University. Para ele, só existem dois métodos corretos para avaliar as possibilidades de uma aplicação financeira ou até em imóveis: o fluxo de caixa descontado ou a avaliação relativa.
Os nomes são complicados, mas o que significam, nem tanto.
O fluxo de caixa descontado leva em consideração dois fatores: o quando vai render a aplicação feita e qual é o risco assumido.
Assim, investir em ações de uma empresa que atua em setores mais afetados por rápidas transformações tecnológicas representa um risco maior do que, por exemplo, investir em companhias que atuam na área de produção de alimentos.
Logo, para optar pelo investimento em ações da primeira companhia é preciso que o fluxo de rendimentos (no caso de ações, a variação do preço do papel e o pagamento de dividendos) compense o maior risco.
Esse é o exercício de olhar para a frente -para a possibilidade de ganho corrente contra a possibilidade de risco (ou perda) futuro.
Olhar para o lado é fazer uma avaliação relativa. Ou seja, comparar, dentro de uma mesma situação de risco, o provável desempenho de duas companhias.
Inflação
Segundo Damodaran, a queda da inflação deve ser vista pelo investidor brasileiro como um poderoso aliado.
Quando a inflação é muito alta, "os elementos necessários para a avaliação sofrem os efeitos da instabilidade e da distorção".
Eleito pela revista "Business Week" como um dos 12 melhores professores dos EUA e responsável pelo treinamento das equipes de análise do Deutsche Bank, Swiss Bank, Crédit Suisse, JP Morgan e Smith Bailey, Damodaran usa o mesmo raciocínio para comparar o cenário de investimentos nos Estados Unidos e no Brasil.
"Os EUA são mais estáveis, mas os mercados emergentes podem apresentar maiores taxas de crescimento", afirmou, em entrevista via Internet, de Chathan, em New Jersey.
Mesmo acreditando que o Brasil é um país "com enorme potencial não ainda realizado", Damodaran disse esperar que a globalização continue produzindo uma onda de fusões e aquisições.
"Existe um interesse crescente de empresas em consolidar suas posições competitivas, por intermédio de aquisições, em economias emergentes para se beneficiarem do crescimento."
(JCO)

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