São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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Competitividade na construção civil

ALCIDES GONÇALVES JÚNIOR

O mercado está cada vez mais exigente quanto à qualidade do produto
Nos últimos 25 anos, a economia brasileira passou por fases bastante distintas. Nos anos 70, por exemplo, tivemos a euforia do "milagre econômico", que, ao desabar, transformou a década de 80 num período de duras batalhas pela sobrevivência.
Hoje vivemos sob o signo da competitividade, a qual impõe à empresa de construção civil -e de todos os outros setores da economia- exigências cada vez maiores para garantir sua perpetuação na virada do século.
As empresas estão sendo obrigadas a operar em suas estruturas profundas transformações estratégicas. Muitos planos surgiram: qualidade total, reengenharia, ISO 9.000, industrialização etc.
Dessa forma, cada vez mais a competitividade fica acirrada, e as margens de lucro diminuem.
A capacitação profissional e a criatividade tornam-se fator decisivo de diferenciação em um mercado escasso.
A tarefa de executar uma obra hoje é encarada como consequência de um negócio, de um bom produto -economicamente viável e com garantia de rentabilidade e lucratividade.
O cliente passa a ser sócio, parceiro. O foco muda. Do profissional da construção exige-se o empreendedor visionário. A empregabilidade torna-se uma questão de sobrevivência profissional.
Os fornecedores são peças críticas para que o elo se feche. A forma de contratação muda. A confiança e o comprometimento com as etapas do processo construtivo são preponderantes para a eficiência do negócio.
Nesse contexto, não basta à empresa simplesmente ser lucrativa. Ter como única meta o lucro é o mesmo que dizer que o homem existe só para comer.
Para se perpetuar, a empresa precisa estar capacitada a enxergar o futuro e fundamentar suas ações em objetivos éticos aceitos por toda a sociedade.
O mercado está cada vez mais exigente quanto à qualidade do produto. No estágio atual, são impostas às empresas de construção civil metas audaciosas e investimentos em tecnologia para romper paradigmas da chamada construção artesanal.
Exige-se ainda treinamento com qualificação da mão-de-obra e uma nova consciência em relação a questões fundamentais, como segurança, medicina e higiene do trabalho, que transformam o papel social das empresas em agentes do progresso.
A virada do século está aí. O desafio é encontrar um equilíbrio entre idealismo e lucratividade, estimulando um movimento contínuo de mudança e aprendizado.
As empresas de construção civil se tornarão gestoras com bases em princípios e diretrizes capazes de adequar ferramentas necessárias às aspirações humanas.

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