São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Músicos condenam os jingles de SP

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os jingles usados nas campanhas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo foram reprovados pelos cinco músicos de diferentes áreas consultados pela Folha.
Foram convidados a dar sua opinião o guitarrista Marcelo Frommer (Titãs), o maestro Júlio Medaglia e o cantor e compositor de música popular brasileira Tom Zé.
Além disso, foram consultados dois especialistas em jingles: o compositor e publicitário Zé Rodrix e o produtor Dudu Marote (que trabalhou com Skank, entre outros).
Adjetivos
"Cafonas", "inócuos", "apelativos" e "nostálgicos" foram algumas das qualificações para os jingles.
Na opinião do produtor Dudu Marote, todos eles têm um som "de plástico". "Isso acontece porque as produções são econômicas, usam só teclados, inclusive para substituir metais, bateria e percussão."
Dudu Marote disse ainda que os jingles desse ano seguem uma regra antiga. "Fizeram um 'de festa' e um 'vamos dar as mãos' para cada candidato."
Outro expert no ramo, o compositor Zé Rodrix, classifica os jingles como "inócuos". "Na tentativa de agradar todo mundo, os arranjos e vozes são muito parecidos. Parecem feitos na mesma produtora, compostos pelas mesmas pessoas."
Para Tom Zé, os jingles seguem uma linha comercial, "do que toca no rádio". Júlio Medaglia tem outra opinião. "Eles estão fora da sonoridade do que se produz atualmente."
Na hora de analisar individualmente os jingles de Luiza Erundina (PT), Celso Pitta (PPB), Franciso Rossi (PDT) e José Serra (PSDB), os músicos divergiram.
A combinação de "Pitta" e "palpita" foi chamada de "achado poético", para depois ser desbancada como "refrão infame".
Serra também dividiu opiniões. Enquanto o guitarrista dos Titãs tropeçou na gramática de "acelera direito", Zé Rodrix considerou a música e o refrão "bem-feitos".
Idade
"Não entendi porque o Franciso Rossi abandonou seu velho jingle horrível, mas que todo mundo já conhecia", disse Dudu Marote, falando sobre o candidato do PDT.
Outro que sentiu falta do corinho de "Francisco Rossi" foi Frommer. "É uma melodia secular, lembro dela desde que era moleque. Devia ser outro Rossi, o pai ou o avô. Ou então é tão boa que parece secular."

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