São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Candidatos espelham apenas uma minoria dos habitantes da cidade

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais candidatos a prefeito de São Paulo espelham uma pequena minoria da população da cidade. Só o fato de terem se formado num curso superior já os coloca entre um grupo de restritos 8% dos moradores paulistanos.
Favorito nas pesquisas de intenção de voto, o candidato malufista Celso Pitta (PPB) faz parte de uma parcela ainda menor dos habitantes de São Paulo. Só há 4% de negros na cidade.
Seguidor de uma igreja evangélica, Francisco Rossi (PDT) está entre os 5,3% de evangélicos pentecostais que compõem a população paulistana.
A classificação dos moradores de São Paulo segundo raça, religião e escolaridade foi feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Censo 91
Os dados referem-se ainda ao Censo de 1991, mas sua tabulação só foi concluída este ano e lançada na semana passada durante a Bienal do Livro.
O grande desafio do futuro prefeito estará no campo educacional. Embora os resultados da cidade ainda sejam melhores do que a média do Estado, há mais pessoas praticamente analfabetas do que com nível superior em São Paulo.
São 680.190 habitantes sem instrução ou com menos de um ano de estudo na cidade e apenas 646.996 moradores com 15 anos de estudo ou mais.
O quadro é ainda mais grave se for levado em conta que a maioria da população não concluiu nem o primeiro grau.
O Censo 91 mostra que 60% dos habitantes da cidade de São Paulo têm até sete anos de estudo -para se formar no primeiro grau é preciso estudar no mínimo oito anos.
São cerca de 4,7 milhões de pessoas com mais de dez anos de idade que não têm nenhum diploma escolar.
A deficiência na formação tende a tornar ainda mais difícil a situação dessas pessoas na hora de arrumar um emprego.
Apesar de a maior procura ainda ser por trabalhadores com pouca escolaridade, a exigência por profissionais qualificados está aumentando na cidade.
Nos primeiros cinco meses deste ano, houve 25% mais contratações do que demissões de pessoas com primeiro grau completo no mercado formal.
A proporção de novos empregos aumenta junto com a exigência de maior escolaridade. Entre trabalhadores com o segundo grau, o saldo de contratações foi de 46%. Para os com nível superior, chegou a 58%.
Esses dados referem-se ao mercado formal, no qual o trabalhador é registrado e desfruta dos benefícios e mecanismos de segurança da legislação trabalhista. E tem um salário maior.
Paulistano típico
Os dados do Censo 91 revelam que o paulistano típico é branco (69%), declara-se católico (78%) e tem sete anos de estudo -ou seja, abandonou o primeiro grau antes do fim.
As estatísticas revelam ainda que a idade média do morador da cidade está aumentando. Como em todo o país, cresce o número de adultos e diminui o de crianças e adolescentes.
Isso trará também implicações sobre o sistema escolar. Cada vez mais, o poder público será chamado a atender mais demanda por vagas de segundo grau e menos de pré-escola.

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