São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Collor gasta US$ 37 mil por mês em Miami

FERNANDO PAULINO NETO
ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Para sustentar o padrão de vida de classe alta que mantém em Miami, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, 47, gasta pelo menos US$ 37 mil por mês, sem contar despesas extras, como as compras de sua mulher, Rosane, ou viagens, como a que fez recentemente à Nova Zelândia.
A maior despesa mensal de Collor é com o pagamento da prestação de sua casa de dois andares, com quatro quartos e jardim que dá diretamente para o mar em rua tranquila de Bay Harbor, bairro de classe alta de Miami.
O ex-presidente paga US$ 10 mil mensais para ter casa própria em seu auto-exílio, como se referem pessoas próximas a ele.
Collor terá de arcar com essas prestações durante 30 anos, depois de ter dado uma entrada de US$ 200 mil, segundo informou seu secretário particular, Rony Curvelo.
Antes de morar na casa, Collor a alugou por cerca de US$ 2.500 mensais e fez reformas. Ainda agora há obras: Collor está fazendo dependências de empregados.
Hoje os quatro empregados dormem em um quarto na parte baixa da casa.
Segundo avaliação de pessoas que têm empregados em Miami, cada um deve ganhar, no mínimo, US$ 1.000 mensais.
Cozinheiro italiano
Entre seus empregados, Collor mantém um cozinheiro italiano e uma criada apenas para passar e engomar roupas. Trata-se de uma especialização rara na cidade, onde o milionário piloto da Fórmula Indy Emerson Fittipaldi, por exemplo, tem apenas uma empregada, que nem dorme no trabalho.
A casa de Collor tem uma peculiaridade em relação à de seus vizinhos. É a única onde se vê durante 24 horas por dia um segurança na porta. Segundo o assessor Curvelo, o segurança serve para manter a privacidade do ex-presidente.
A empresa Coral Way Patrol Agency, de Miami, que presta serviço semelhante ao que existe na casa de Collor, cobra por segurança desarmado US$ 8,25 por hora, em caso de contrato de longo prazo. Isso significa um custo mensal de pelo menos US$ 5.940.
Durante a semana, Collor sai de casa pela manhã com dois destinos. Nas segundas e sextas-feiras tem aulas de tênis durante uma hora e meia em um clube de North Miami, segundo seu assessor Curvelo. Aulas de tênis custam cerca de US$ 40 a hora em academias de Miami, ou US$ 320 por mês.
Nos outros dias, Collor aperfeiçoa seu inglês no curso Berlitz, localizado em um prédio da avenida Brickell, espécie de avenida Paulista de Miami.
Ele faz aulas individuais das 8h45 às 12h45, segundo Curvelo. O Berlitz cobra US$ 40 por aula de 45 minutos com intervalo de 15 minutos. Portanto, para quatro horas no curso, ele gasta US$ 160. Por mês, a despesa vai a US$ 1.920.
Especialização em discursos
Collor se especializa em palestras e discursos em inglês. Ele mandou editar fitas com trechos de filmes para observar postura e empostação de voz. Um dos filmes "estudados" por Collor é "Meu Querido Presidente", de Rob Reiner, com Michael Douglas no papel de presidente do EUA.
Por volta das 14h, Collor chega a seu escritório no centro de Miami. Localizado em prédio com entrada de mármore rosa e preto, com um chafariz no centro, o "Collor's office" ("escritório de Collor", maneira como a secretária atende o telefone) tem quatro salas.
O aluguel do imóvel custa, segundo a administração do condomínio, US$ 3.000 por mês, excluídas as vagas na garagem. Collor aluga duas, uma para ele, outra para o assessor Rony Curvelo. Pelas vagas, paga US$ 350. Segundo estimativas de homens de negócios de Miami, o custo para manter um escritório do tipo do de Collor é de cerca de US$ 5.000 mensais.
Collor na Internet
Collor tem uma página na Internet. A empresa contratada para o serviço, Vision Point Corporation, cobra por trabalho análogo US$ 200 mensais, além de taxa de inscrição de US$ 300.
Collor paga ainda um leasing (aluguel com opção de compra) ao Chase Manhattan Bank, de Nova York, de um automóvel Mercedes-Benz 320, branco, modelo 97, que deu de presente a Rosane. Segundo avaliações de mercado, gasta com isso US$ 700 por mês.
Collor tem ainda as despesas domésticas, como alimentação, material de limpeza, água, luz, telefone e taxas. Segundo brasileiros de classe alta em Miami, uma família dessa faixa social tem custos mensais entre US$ 6.000 e US$ 10 mil.

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