São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996 |
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Posseiro teme ser morto e se esconde
ESTANISLAU MARIA
Para evitar "uma queima de arquivo", os advogados da SDDH (Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos) e da direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marabá mantêm o posseiro protegido em Marabá (PA). O posseiro disse que ele e três companheiros foram sequestradores na última terça-feira. Depois, na quarta-feira, teriam sido espancados e levados para cerca de 15 km da sede da fazenda, onde, segundo ele, foram baleados. Na quinta-feira passada, Silva foi socorrido na cidade com um tiro de raspão na cabeça. Ele teve alta anteontem. "Precisamos conservar a única testemunha. Nesta semana, vamos levá-lo para outra cidade", disse Wanderlei Ladislau, advogado da SDDH. Ontem, por meio de um acordo com a SDDH, o posseiro concedeu entrevista exclusiva à Agência Folha, na sede da entidade, em Marabá. Ele só não saiu da cidade porque a polícia ainda não encontrou o local onde estariam os corpos dos sequestrados. Silva disse ser capaz de levar a polícia até o cenário dos assassinatos. Conflito O delegado Guilherme Tavares abriu inquérito para apurar o conflito que ocorreu quinta-feira à noite entre cerca de 50 posseiros e 90 trabalhadores da São Francisco. Um trabalhador, identificado só por Goiano, morreu com dois tiros no conflito. O delegado solicitou à PM um reforço policial para evitar um novo conflito. Até ontem, nada foi feito. "Desde o massacre dos sem-terra, estamos muito visados. Agora, só agimos com ordem judicial. Até agora, não chegou nenhuma ordem do juiz", disse na tarde de ontem o oficial comandante de plantão, tenente Heriberto Furtado. Em 17 de abril deste ano, 19 sem-terra morreram em Eldorado do Carajás em conflito com a PM. "Por causa desses (defensores dos) direitos humanos, as polícias de todo o Brasil estão engessadas", disse o subcomandante de plantão, que só se identificou como sargento Benelídio. Ontem, Tavares divulgou bilhete sem data e sem assinatura encontrado na fazenda na sexta. O texto ameaça de morte os trabalhadores da fazenda. Entregue por eles, o bilhete é atribuído aos posseiros. A polícia não confirma a autoria. Texto Anterior: Suplicy vê 'instrumentos' Próximo Texto: Ministério descarta intervir Índice |
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