São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Ato contra violência reúne 3.000 em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 3.000 pessoas estiveram ontem de manhã no parque Ibirapuera (zona sul de São Paulo) para participar do ato contra a violência organizado pelo movimento Reage São Paulo.
O movimento está sendo criado pela família da estudante Adriana Ciola, morta no dia 10 deste mês por assaltantes no bar Bodega, em Moema (zona sul).
A maioria dos manifestantes vestiu branco. Eles caminharam dentro do parque, entre a praça do Porquinho e a praça da Paz.
Antes do show da cantora Jane Duboc e do violonista Arismar do Espírito Santo, programado para as 11h na praça da Paz, parentes e amigos de Adriana Ciola e de Rodrigo Iandoli -morto durante uma tentativa de assalto no dia 11 no Jabaquara (zona sul)- discursaram pedindo aumento da segurança.
Também participaram do ato a apresentadora Hebe Camargo, o rabino Henry I. Sobel e o padre Rosarino Machado dos Santos, da paróquia de Santo Expedito, que fez uma prece em memória de Adriana e Rodrigo.
Falta de hábito Para Albertina Dias Café e Alves, 48, tia de Adriana Ciola e uma das organizadoras do movimento, o grande mérito de atos como o de ontem é despertar o hábito de se manifestar na população.
"Ainda não alcançamos nosso objetivo maior, que é sensibilizar as autoridades para o problema da violência", afirmou.
O pai de Adriana, o advogado Carlos Ciola, 57, defendeu o aumento do contingente policial nas ruas. "A polícia tem que ser ostensiva, efetiva e repressiva. Por que não?", afirmou.
A professora aposentada Joana Ciola, 52, mãe de Adriana, disse que a campanha pretende sensibilizar as autoridades. "Quero que o que aconteceu com minha filha e com o Rodrigo seja o início de uma mudança", afirmou.
"Nós não podemos mais sair de casa. Que direito nós temos? Nós pagamos impostos, mas não vemos o dinheiro sendo usado para a saúde, segurança e a educação", afirmou Renato Francisco Iandoli, 51, pai de Rodrigo.
Apoio O ato de ontem no Ibirapuera teve também o apoio de parentes de vítimas da violência.
"Esperamos que a violência seja pelo menos combatida e que os casos sejam solucionados", afirmou o fotógrafo Olcimar Santos Marques, 40, que teve a mãe, Noêmia Santos Marques, sequestrada há nove meses.
A funcionária pública Aparecida Monteiro, 53, levou ao Ibirapuera um cartaz com a foto da filha Regiane, morta aos 17 anos em 94, em Franco da Rocha (Grande SP), por um grupo de extermínio da PM.
"Se um dia acontecer alguma coisa com alguém da família do secretário da Segurança, quem sabe ele acorda para o problema."

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