São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Análise distorcida

CIDA SANTOS

A semana é do Grand Prix, torneio que, a partir desta sexta-feira, vai reunir na Ásia a elite do vôlei mundial feminino.
A novidade é a estréia de Cuba sem o técnico Eugênio Jorge. Depois de 26 anos no comando do time, um título mundial e dois olímpicos, ele foi dispensado. Não deu para entender.
A nota oficial do Instituto de Esportes de Cuba informou apenas que o técnico foi demitido por "conduta incompatível com seu trabalho educativo".
Apesar disso, os jornais brasileiros insistiram em anunciar que a dispensa foi motivada pela briga entre as jogadoras de Cuba e Brasil na semifinal do torneio de Atlanta.
Independente do real motivo, o certo é que Cuba tem um supertime de vôlei, e isso não pode ser esquecido.
As análises apressadas e nacionalistas, que falam que a arbitragem na semifinal prejudicou o Brasil, podem até ser consideradas, mas fica difícil acreditar que o placar poderia ter sido outro.
O Brasil foi a modernidade em Atlanta e fez uma campanha perfeita. Mas quem viu o jogo sabe: Ana Moser, nossa principal atacante, e Márcia Fu, que tinham sido brilhantes no primeiro confronto contra Cuba, não foram bem na semifinal. Na hora da decisão, as cubanas erraram menos. Mérito delas.
Mais: quem acompanha o vôlei sabe que as seleções de Cuba sempre jogam provocando os adversários na rede. A única diferença é que, desta vez, as brasileiras não ficaram quietas.
As imagens da televisão mostraram Mireya Luis fazendo um gesto nada educado para Ana Moser ao comemorar o ponto da vitória. Mas as mesmas câmeras mostraram também que Márcia Fu foi a primeira a invadir a quadra de Cuba e chegou até a atirar uma toalha no rosto de Regla Torres. Ou seja, em uma briga não há inocentes. E culpar só um lado da história não é a melhor saída.

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