São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Aventureiros optam pela tração animal

MARCOS MARTINS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A bicicleta é um meio de transporte muito interessante e bem conveniente para a exploração do deserto do Namib.
Ela permite um contato muito mais íntimo com a natureza. As estradas não são asfaltadas, mas são muito bem mantidas e estão em excelentes condições. O terreno é plano e não há muito vento.
Todas essas condições são ideais para a prática do cicloturismo, e a viagem pode ser feita por qualquer pessoa com um bom condicionamento físico.
Apesar de o local ser um deserto, há algumas fazendas pela estrada. Nelas é possível fazer o reabastecimento de água e até conseguir uma eventual acomodação.
É difícil descrever a sensação de percorrer quilômetros e mais quilômetros de estrada sem nenhum barulho, nenhum carro, nenhum sinal de presença humana.
Ao fim do dia, o turista pode acampar em qualquer lugar.
Um bom programa é fazer uma fogueira e apreciar o silêncio e a beleza da noite no deserto, com milhões de estrelas.
O roteiro ideal para a exploração do deserto do Namib começa no castelo Duisib, que foi construído por um excêntrico fazendeiro alemão no século 19.
Desertificação
Quando a estrada passa a levar ao norte, nota-se a progressiva desertificação da paisagem. Surgem então as famosas dunas rosadas.
Você chega, então, a Sossusvlei, onde estão as maiores dunas do mundo, com até 300 m de altura: um irresistível convite para os amantes da fotografia ou para simples caminhadas.
Com um pouco de sorte, é possível flagrar um orix -mamífero que chega a medir dois metros de altura, com chifres de até um metro- passeando no meio das dunas.
Depois de Sossusvlei, a estrada atravessa o Parque Nacional Naukluft, o maior parque da Namíbia, onde você pode pedalar em meio a animais selvagens.
Eles geralmente se assustam com as bicicletas. O resultado é um belo espetáculo: os animais fogem como se estivessem sendo atacados por algum predador. Geralmente, correm soltando gritos de alarme e dando grandes saltos.
Não há carnívoros nesse parque, e o ciclista não tem nada a temer.
Depois de 85 km há o posto de gasolina Solitaire. É bom aproveitar o local para resolver os problemas com a água.
Sem parar no posto, é praticamente impossível seguir viagem, pois a próxima fonte segura de água está a 250 km de distância.
E nesse trecho que a vegetação diminui muito. Só é possível ver raros grupos de árvores.
Após 100 km de pedalada, que podem ser feitos em seis horas sem muito esforço, você chega ao cânion do rio Kuiseb, um local ideal para acampamento.
O rio é seco, mas parece um oásis, pois as plantas podem crescer livremente por estarem protegidas do sol pelas paredes do cânion.
É possível encontrar alguns lagos no leito do rio, formados pela água de chuva armazenada. Nesses locais há animais que vêm beber água à noite.
Após deixar o cânion, o ciclista chega ao fim de uma espécie de platô. O local propicia uma ampla visão do deserto, um mar de areia cortado por uma estradinha vazia.
O silêcio é absoluto.
É uma linda viagem, com emoções fortes.
(MM)

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