São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Eletropaulo perde R$ 10 mi ao ano com 'furto' de energia

ROGÉRIO GENTILE e ORMUZD ALVES

ROGÉRIO GENTILE; ORMUZD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresa diz que não pode desligar as ligações clandestinas; custo seria de R$ 88 mi
A cidade de São Paulo tem cerca de 88 mil ligações elétricas clandestinas, segundo a Eletropaulo. As chamadas gambiarras são responsáveis pela iluminação de uma população estimada em 413,6 mil pessoas, a maioria em favelas.
Na zona leste, por exemplo, os moradores da Vila Novo Horizonte compraram postes e cabos e montaram o que chamam de "Eletropovo", uma rede irregular que retira a energia de dois postes da Eletropaulo (leia texto abaixo).
A Eletropaulo calcula em R$ 10 milhões o prejuízo anual provocado pelos "furtos" de energia, considerando também as gambiarras de outras 77 cidades do Estado (cerca de 25 mil conexões).
Além do prejuízo, a Eletropaulo diz que as gambiarras podem causar acidentes. Entre as causas possíveis dos incêndios na favela de Heliópolis -quatro mortos- e no alojamento municipal da Cohab José Bonifácio -dez mortos-, por exemplo, estão curtos-circuitos em fios clandestinos.
"Muitos acidentes, até piores, vão continuar ocorrendo", afirma o diretor de distribuição da Eletropaulo, Eduardo Coelho.
O diretor diz, porém, que a Eletropaulo não pode desligar tudo. "Primeiro, porque colocam de volta. Depois, não podemos deixar toda essa população no escuro."
Coelho diz ainda que, hoje, a regularização não pode ser feita, na maioria dos locais. "Normalmente, as gambiarras são colocadas em área de invasão, onde a Eletropaulo não pode entrar sem que haja definição da posse da terra."
A regularização total custaria R$ 88 milhões.
O secretário municipal da Habitação, Lair Krahenbuhl, diz que "não dá para resolver o problema com um passe de mágica". "Mas o Estado não deveria permitir a instalação de novas gambiarras."
O secretário afirma que num local em que se verifique um aumento de 10% na demanda de energia, a Eletropaulo deveria cortar todas as gambiarras. O vereador Henrique Pacheco (PT), afirma que a questão não é tão simples. "Se quisesse, a prefeitura poderia ajudar, aparelhando melhor o órgão responsável pela regularização de loteamentos, o Resolo."

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