São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996 |
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Professor descarta que arma tenha sido tesoura
DA SUCURSAL DO RIO O médico-legista Carlos Alberto de Oliveira, 53, disse ontem que uma tesoura não causaria os ferimentos que mataram a atriz Daniella Perez.Para ele, o assassino usou um punhal ou uma faca de ponta de um gume. Professor de medicina legal da Universidade Estácio de Sá (zona norte do Rio) e cirurgião, Oliveira preparou, a pedido da promotoria, uma consulta médico-legal sobre os laudos oficiais cadavérico e de local. O acusado Guilherme de Pádua afirma que Daniella foi morta a golpes de tesoura, dados por sua ex-mulher, Paula Thomaz. A promotoria sustenta que Pádua e a ex-mulher usaram um punhal para matar a atriz. "O objeto que causou a hemorragia fatal era pérfuro-cortante. A tesoura é só perfurante", afirmou Oliveira à Folha. Segundo o legista, que por 20 anos trabalhou no IML (Instituto Médico Legal) do Rio, para ter ação pérfuro-cortante a tesoura deveria ser usada aberta contra o corpo de Daniella. "Não conheço tesoura que abra 180 graus. Quando a tesoura abre totalmente, uma perna fica na horizontal, outra na vertical. Nessas condições, a perna horizontal faria, no mínimo, escoriações em Daniella, o que não ocorreu." Oliveira afirmou ainda que Daniella pode não ter morrido no local onde o corpo foi achado. "Não teria condições de afirmar onde ela foi morta, mas acho que suas costas estavam contra um anteparo, que pode ser o chão, o encosto de um banco de carro ou a mala de um carro", disse Oliveira. No relatório preparado por ele para a promotoria, Oliveira afirma que o tipo de ferimento recebido por Daniella provocaria um "sangramento profuso". Para o legista, a atriz foi vítima de um objeto contundente, possivelmente punhos, mas não sofreu uma "gravata" (golpe no pescoço), diferentemente do que afirma Pádua, em sua versão. "A vítima não trazia no pescoço lesões que justificassem a 'gravata'. Quem leva 'gravata' se defende. Daniella não tinha lesões nos braços, antebraços e mãos, típicas de quem quer se defender. E ela estava vestida com uma camisa sem mangas", afirmou Oliveira. Texto Anterior: Adiamento favorece a defesa Próximo Texto: Juiz adia o julgamento de Paula e Pádua Índice |
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