São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Japão manterá reclamação junto à OMC

DENISE CHRISPIM MARIN
AUGUSTO GAZIR

DENISE CHRISPIM MARIN; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

FHC não convenceu primeiro-ministro a desistir de apresentar reclamação formal contra a cota tarifária

O governo brasileiro não conseguiu convencer o Japão a desistir de apresentar uma reclamação formal junto à OMC (Organização Mundial do Comércio) contra o regime automotivo -apesar das expectativas contrárias.
Durante duas horas de conversa com o primeiro-ministro japonês, Ryutaro Hashimoto, o presidente Fernando Henrique Cardoso foi quem assumiu compromissos.
Disse que as consultas formais sobre o tema vão prosseguir, e que o regime brasileiro vai se compatibilizar, paulatinamente, às regras da OMC.
"As consultas prosseguem porque faz parte da coreografia, mas não há nenhuma perspectiva de início de processo litigioso", avaliou o ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia.
"O primeiro-ministro ficou impressionado com a ênfase do presidente FHC ao afirmar que a proteção ao setor automotivo é transitória, e que o acordo será alcançado por meio de consultas", afirmou o porta-voz do premiê japonês, Hiroshi Hashimoto.
O porta-voz, entretanto, não confirmou se FHC havia reconhecido ao primeiro-ministro japonês que o regime brasileiro é incompatível com as regras da OMC.
Para Lampreia, o premiê japonês reafirmou que "tem dúvidas" sobre a política automotiva brasileira, mas também indicou "que se encontra satisfeito" com o fato de que o Brasil resolveu adotar um sistema de cota tarifária.
Novo eixo
O primeiro-ministro japonês deslocou a discussão para o acesso da produção dos fabricantes de autopeças japonesas ao mercado brasileiro e se esquivou de dar qualquer contrapartida ao Brasil.
Durante a reunião, Hashimoto demonstrou a FHC as dúvidas do empresariado japonês sobre a aplicação da cota, que permite a entrada de 50 mil veículos produzidos por montadoras não instaladas no país com tarifa de importação de 35%, por 12 meses.
O primeiro-ministro afirmou a FHC, segundo seu porta-voz, que o Japão acompanhará a implementação da cota. Mas completou que a medida não esgota as discussões sobre o regime automotivo.

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