São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Jornada das estrelas

JUCA KFOURI

Os brasileiros Ronaldinho e Giovanni fizeram um dueto no domingo passado como há muito tempo não via pelos gramados do mundo.
Eles fizeram simplesmente quase tudo que uma dupla de jogadores pode inventar numa partida de futebol.
Sorte dos catalães que ambos usavam a camisa do Barcelona. Azar dos brasileiros.
Eles aprontaram tantas e tão boas que, num determinado momento do segundo tempo, enrolaram até o árbitro, que não deu a lei da vantagem depois de uma jogada espetacularmente moleca, arquitetada no lado direito do ataque e em pouco mais de um metro quadrado, que fatalmente acabaria em mais um gol catalão.
Compreensivo, o narrador da TV espanhola absolveu o pecado, dizendo que "sua senhoria" não estava mesmo acostumada a ver acrobacias do gênero. Pura verdade.
Além de terem marcado três dos cinco gols do Barça, os outros dois gols também saíram dos pés da dupla, um deles depois que Ronaldinho aplicou um "elástico" inesquecível no zagueiro do Atlético de Madrid.
O aperitivo mostrado no domingo revela o que será o grande banquete do Campeonato Espanhol neste ano, sem dúvida a competição mais atraente aos olhos brasileiros na temporada. Mais até que o nosso próprio campeonato.
Porque estrelas como Ronaldinho e Giovanni (Barcelona), Romário e Viola (Valencia), Mauro Silva e Rivaldo (La Coruña), Roberto Carlos e, ao que tudo indica, Flávio Conceição (Real Madrid), além de Mazinho (Celta) e outras menos votadas, estão lá, jogando para espanhol ver e para brasileiro acompanhar na TV.
Menos mal que podemos ver perto dos nossos olhos o talento de um Djalminha, de um Muller, de um Marcelinho, embora quanto mais eles joguem maior fique o temor de perdê-los, tamanha é a diferença de competência entre dirigentes europeus e nossos.
Porque, ao mesmo tempo em que o show de uma dupla como a do Barcelona enche os olhos da gente e arranca até gargalhadas de satisfação, tão grande é a arte, a alegria e a eficácia que revela, o coração fica nostálgico, e o estômago repele o amadorismo bandido dos que desencaminham o nosso futebol, até porque nem gostam de apreciar a genialidade de nossos melhores artistas.
*
Romário em lua-de-mel. Bebeto de quarentena.

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