São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Gonçalves se diz eclético

ARNALDO RIBEIRO
DO ENVIADO A MOSCOU

Estrear na seleção brasileira aos 30 anos não é a única preocupação do zagueiro Gonçalves.
Na volta ao Brasil, o jogador vai se formar em educação física, no Rio, e também pretende gravar um disco num futuro próximo.
Gonçalves não sabe se continuará jogando pelo Botafogo. Seu caso está entregue aos dirigentes da Fifa, já que o Universidad Autônoma de Guadalajara não quer liberar seu passe.
Gonçalves é um dos quatro zagueiros que atuam pela esquerda convocados por Zagallo. Os outros são André Cruz, Ronaldo e Narciso. O treinador não chamou nenhum defensor que atue pelo lado direito.
(AR)
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Folha - Você estréia na seleção jogando fora de sua posição e com várias preocupações. Isso atrapalha?
Gonçalves - Não. Sempre sonhei com essa chance na seleção e preciso agarrá-la. Vou me concentrar somente na partida.
Folha - Você sabe alguma coisa sobre o time russo?
Gonçalves - Estive na Rússia recentemente em uma excursão com o Botafogo e passei algumas informações ao Zagallo.
Folha - Quais as principais qualidades deles?
Gonçalves - São rápidos e gostam de explorar os lançamentos longos. Não tentam muitas jogadas pelo meio do ataque. Foram assim contra o Botafogo.
Folha - Como está sua situação com o clube?
Gonçalves - Não estou podendo jogar no Brasileiro porque o Universidad Autônoma de Guadalajara, dono do meu passe, está pedindo muito. O caso já foi entregue aos cuidados da Fifa porque estão me impedindo de trabalhar. O passe deve ser arbitrado em cerca de US$ 600 mil e espero que o Botafogo compre.
Folha - Você é um jogador culto, que procura sempre defender seus interesses. Fez algum curso superior?
Gonçalves - Me formo este ano em educação física, mas não sei se vou seguir a carreira. Também estou abrindo uma escolinha de futebol e pretendo gravar um disco em breve, como baterista de uma banda.
Me considero um eclético. Já fui até ator. Aos 14 anos, participei de um filme, no cinema.

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