São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Defesa de Pádua decide convocar legista

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O legista Carlos Alberto de Oliveira, 53, será arrolado como testemunha de defesa de Guilherme de Pádua, acusado da morte de Daniella Perez em dezembro de 92.
A pedido dos promotores que atuam no caso, Oliveira preparou um parecer sobre o laudo cadavérico de Daniella. Por causa do parecer, anexado ao processo quinta-feira, o julgamento foi adiado.
A inclusão do legista no rol das testemunhas de Pádua será pedida na segunda-feira pelo advogado Paulo Ramalho. "O parecer tem vários pontos controversos e vou explorar isso no interrogatório", disse Ramalho.
Ramalho desistiu de convocar o perito Nelson Massini. A pedido da Folha, Massini havia feito uma análise do laudo de Daniella.
Na análise, concluía haver indícios de que a atriz tivesse ido espontaneamente ao local onde seu corpo foi encontrado. Também concluía que ela não havia desmaiado por causa de um soco, como diz Oliveira em seu parecer.
Sindicância
Carlos Alberto de Oliveira esteve ontem no Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) para pedir uma declaração de que não há indícios de que ele esteja envolvido na falsificação de laudos cadavéricos produzidos pelo IML (Instituto Médico Legal) entre os anos de 1964 e 1979.
A informação de que Oliveira estaria envolvido com a falsificação de laudos foi publicada ontem pelo "Jornal do Brasil".
Oliveira e outros 43 médicos legistas estão sob sindicância do Cremerj desde 1990. A sindicância foi aberta a pedido do grupo Tortura Nunca Mais, em 1990, e relaciona todos os médicos que trabalharam no IML no período.
Os nomes dos legistas foram levantados a partir do trabalho "Brasil Nunca Mais", feito pela Arquidiocese de São Paulo, que registra todos os processos que tramitaram pelo STM (Superior Tribunal Militar) entre 1964 e 1979.
"O fato de o nome dele estar na lista não significa que ele esteja ligado às falsificações. Fizemos dois anos de pesquisas diárias e nada encontramos contra ele. Dos 44 médicos listados, encontramos indícios contra 15", disse Cecília Coimbra, presidente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio.
"O que podemos declarar é em que pé estão as coisas. Hoje ele não está indiciado em processo ético-profissional, em que há indícios de culpabilidade. No momento, está arrolado numa sindicância, ou seja, não temos indícios de culpa até agora", explicou.

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