São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Desemprego é baixo, diz 'pai' do Real

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego no Brasil "ainda é baixo", disse ontem Edmar Bacha, um dos "pais" do Real e que hoje é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Para ele, o desemprego crescerá em meados de 97, com uma onda de demissões no setor público.
O economista, que desde que deixou o governo, em outubro de 95, tem se pronunciado raramente em público, deu palestra a convite do Ibef (entidade que representa executivos financeiros).
Bacha, que também é consultor do Banco BBA Creditanstalt, procurou traçar um paralelo com a situação do Chile e da Argentina. Disse que, nesses países, o encolhimento do Estado -um subproduto das reformas administrativa e da Previdência e da privatização- provocou desemprego de 17%.
Aplicada no Brasil, a taxa significaria mais 4 milhões de desempregados. Mas Bacha prevê a dispensa de 1 milhão de trabalhadores do setor público em 97, e outro milhão em 98 (somados representam 40% do total).
Para ele, a melhor forma de administrar essa transição, reduzindo a taxa potencial de desemprego, é encolher o Estado enquanto existe uma expansão dos investimentos no setor privado. Bacha não soube estimar quanto investimento seria necessário, mas ressalvou que ele já está crescendo.
O desemprego não será linear. O setor de telecomunicações deve "empregar em termos líquidos (contratar mais do que dispensar)", já o de energia deve apresentar redução significativa. "A Light já demitiu quatro dos 11 mil empregados", diz, para depois completar que "a Petrobrás chilena tinha 50 mil empregados e hoje tem 5.000, com produtividade maior".
O economista disse que a taxa de desemprego é maior em São Paulo, porque o Estado concentra a "planta velha da economia e os investimentos estão sendo feitos na planta nova".
O Estado detém 35% do PIB (Produto Interno Bruto, medida da riqueza nacional), mas sua participação cairá, diz, no processo "saudável" de desconcentração.

LEIA MAIS sobre desemprego na pág. 2-4

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