São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Mercado surpreende executivo

BURNO BLECHER
DA REDAÇÃO

Acostumado aos recordes sucessivos de vendas de automóveis, o italiano Umberto Quadrino, 50, não consegue esconder a sua estranheza com o comportamento da agricultura brasileira.
Quadrino assumiu recentemente a presidência mundial da New Holland, após ocupar por dois anos a vice-presidência executiva da matriz da Fiat, em Turim.
"O momento é favorável à agricultura em todos os países do mundo, menos no Brasil", disse ele, na última segunda-feira, durante visita a Expointer, em Esteio (RS), onde a New Holland apresentou a sua nova colheitadeira.
Primeira no ranking de tratores e segunda nas vendas de colheitadeiras, as 22 fábricas da New Holland, empresa do grupo Fiat, faturaram US$ 5 bilhões em 95.
A queda nos estoques mundiais de grãos e o crescimento da demanda por alimentos elevaram os preços agrícolas e a renda do produtor.
"Como resultado, as vendas de tratores e colheitadeiras também cresceram em todo o mundo, exceto no Brasil", comentou Umberto Quadrino.
"Pela primeira vez na história, as vendas de tratores e colheitadeiras na Argentina serão superiores as do Brasil", acrescentou Valentino Rizzioli, superintendente da New Holland Latino Americana.
Para Rizzioli, a redução da safra de grãos na temporada 95/96, as dificuldades de crédito e os juros altos praticamente paralisaram o mercado de máquinas agrícolas.
Pérsio Pastre, diretor da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), estima que a crise tenha provocado desemprego de 30 mil trabalhadores na cadeia produtiva (que inclui montadoras, fábricas de autopeças e concessionárias) nos últimos 15 meses.
(BRUNO BLECHER)

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