São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Ripstein resgata amor louco

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Vem do México o primeiro grande concorrente desta 53ª Mostra Internacional de Arte Cinematográfica de Veneza.
"Carmim Profundo" eleva a novo patamar internacional a carreira de Arturo Ripstein, 53.
Vários de seus 18 longas realizam a palavra de ordem do diretor: "O melodrama é o manifesto destino nacional".
Partindo de um caso policial verídico, Ripstein desenvolve um impecável melodrama macabro. A gorda Coral Fabre (Regina Orozco) e o calvo Nicolas Estrella (Daniel Gimenez Cacho) encontram-se por um correio sentimental de revista.
Ela é uma enfermeira solitária, ardente e suorenta, que cuida sozinha do casal de filhos pequenos. Ele, um pequeno escroque, que disfarça a calvície com perucas. Ela procura desesperadamente um amante; ele, outra vítima.
No primeiro encontro, Coral se apaixona e Nicolas lucra algum sexo e pouco dinheiro. Nada indica, de saída, que vai se desenvolver mais uma história de amor louco.
Coral põe essa máquina em andamento, e "Carmim Profundo" cresce numa espiral de barbarismo. Coral e Nicolas percorrem o interior do México atrás de mulheres infelizes. Marisa Paredes torna inesquecível a segunda que os recebe.
O segredo de Ripstein está no quase minimalismo com que narra essa história selvagem. É incrível a elegância de sua complexa e funcional movimentação de câmera.

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