São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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Em nota, Maluf ameaça demitir servidor

MARCELO DAVID PAWEL
DA "FT"

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), proibiu todos os servidores da administração direita e indireta da prefeitura de participar de atividades político-partidárias durante o expediente de trabalho.
Em nota divulgada pelo secretário do Governo Municipal, Edevaldo Alves da Silva, o prefeito determinou "às chefias mediatas e imediatas que cumpram o inciso VIII do artigo 179 da lei nº 8.989/79 sob pena de responsabilidade funcional".
Essa legislação impede funcionários municipais de atuar "em atividades estranhas aos seus serviços durante as horas de trabalho, especialmente em relação à promoção e participação em campanhas eleitorais em andamento".
O secretário municipal de Habitação, Lair Krahenbuhl, exonerou ontem seu chefe de gabinete, Antônio Lajarin, e a oficial administrativa Antônia Aparecida de Oliveira, que na quarta-feira enviaram um fax convocando a imprensa para o lançamento de um comitê habitacional em prol da candidatura de Celso Pitta (PPB).
A ordem partiu do prefeito Maluf, que considerou "insuficiente" a decisão do secretário de afastar os dois servidores até a apuração dos fatos por uma comissão de sindicância instaurada ontem.
Segundo nota do secretário do Governo Municipal, o prefeito ordenou "a demissão imediata" dos dois funcionários apontados como "os responsáveis pela convocação pela imprensa de ato implicando o uso indevido da máquina administrativa, contrariando legislação em vigor".
"Eu faço que o chefe manda", disse Krahenbuhl. Na última quarta-feira, o chefe de gabinete, Antônio Lajarin, pediu que a funcionária Antônia de Oliveira informasse à imprensa sobre a inauguração do comitê habitacional.
Ontem, o comitê habitacional pró-Pitta, que fica na Mooca (zona leste) estava fechado. Segundo um funcionário encarregado por sua manutenção, que não se identificou, o comitê só será reaberto na segunda-feira "devido à falta de material de propaganda".
A promotora eleitoral Berenice Matuck abriu ontem uma sindicância judicial para apurar o uso da máquina administrativa em favor da candidatura de Celso Pitta. Ela irá convocar para depor o secretário de Habitação e os dois funcionários exonerados por Krahenbuhl, que não foram localizados ontem pela "FT".

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