São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996
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ONGs reagem a propaganda malufista

FÁBIO SANCHEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 30 ONGs (Organizações Não-Governamentais) de defesa de portadores do vírus HIV reuniram-se ontem para redigir um manifesto que protesta contra as declarações do candidato do prefeito Paulo Maluf à sua sucessão, Celso Pitta (PPB), divulgadas no horário eleitoral de quarta e quinta-feira passadas.
O candidato disse que os doentes com Aids recebem, nos hospitais-dia da prefeitura, "todos os medicamentos necessários". O programa mostrou um portador de HIV, não identificado, afirmando que no hospital-dia de Santana ele tem um atendimento "muito bom" e que ali ele receberia medicamentos necessários à prevenção da doença.
No manifesto, as entidades afirmam que os pacientes de Aids de São Paulo "não têm qualquer garantia de atendimento, quanto mais de fornecimento dos remédios específicos, seja na rede hospitalar municipal ou na unidades do PAS (Plano de Assistência à Saúde, projeto de atendimento médico da prefeitura)".
As afirmações de Pitta, segundo o manifesto, seriam "falaciosas". As entidades pedem que o próprio candidato se corrija no horário eleitoral.
Processo
Uma das entidades que participaram da redação do manifesto, a Apta (Associação para a Prevenção e Tratamento da Aids), entrou com uma representação na Justiça Eleitoral pedindo a abertura de um processo contra o candidato.
"Pitta está mentindo para ganhar votos", diz Sérgio Suiama, advogado da Apta. Ele anexou no processo guias de encaminhamento de pacientes com Aids que buscaram medicamentos e atendimento na rede municipal e foram remetidos para hospitais do governo estadual.
Terezinha Pinto, diretora da Apta, diz que os remédios que combatem especificamente a Aids, como AZT e DDI, são comprados pelo Estado e depois distribuídos na rede municipal. "O atendimento à Aids na Prefeitura despencou depois do PAS", diz Áurea Celeste Abbade, presidente do Gapa (Grupo de Apoio à Prevenção à Aids), mais tradicional grupo de ajuda a portadores do HIV no país, formado em 1985.
Arthur Kalichman, coordenador do Programa Estadual de Combate à Aids, afirma que aumentou a procura aos serviços do Estado após a implantação do PAS. Segundo ele, vários serviços que a prefeitura prestava atendendo pacientes com a doença foram fechados, como os postos de atendimento em Santana (região norte da cidade) e Penha (região leste). "A maioria dos serviços da prefeitura nessa área ainda estão em fase de implantação", diz Kalichman.

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