São Paulo, sábado, 31 de agosto de 1996 |
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Mercado dá espaço ao underground
ERIKA PALOMINO
Antes, os lançamentos nacionais estavam restritos a discos de clubes da periferia ou a compilações de emissoras de rádio (ainda com vendas imbatíveis). Agora, um dos caminhos são os álbuns vinculados ao circuito clubber. Ainda sem representar propriamente um retorno financeiro para o DJ ou produtor, o disco compensa pelo prestígio. "O retorno de mídia é o que é mais legal", justifica André Matalon, 26, da gravadora Fieldzz, um dos canais do underground, junto com a Paradoxx. Evitar a pirataria do vinil é outro mérito. "Se você não lança, a molecada vai atrás das faixas piratas, gravadas em minidisc e depois passadas para o vinil e mesmo o CD", defende o DJ Julião, 27, que tem três discos engatilhados na Paradoxx. O disco com o nome do DJ abre portas também para mais convites em festas. "Depois do disco tenho viajado toda semana", diz Mau Mau, 27, que assina a coletânea do Hell's Club. Instalado no clube Columbia, o Hell's é um after-hours tecno, funcionando há dois anos de 5h do sábado até as 10h do domingo. Como residente, Mau Mau atrai as maiores atenções da cena underground enquanto dá seus primeiros passos como produtor. Mau Mau foi um dos pioneiros nesse circuito não-comercial. Seu disco "Mau Mau" (de julho de 95) vendeu 5.000 cópias. "Pensei que não fosse vender nem mil...", brinca Mau Mau. A expectativa é maior com o CD do Hell's, diz Matalon. O disco vem mixado, outra prática pouco comum no mercado brasileiro. "Fiz de uma vez só. Queria que as pessoas sentissem como é o clima do Hell's", explica o DJ. O mesmo princípio de transmitir a atmosfera real do clube norteia o primeiro CD do Massivo. No repertório, 14 faixas que trazem o calor da pista de Borges. Como carros-chefes, os hits "If Madonna Calls", de Junior Vasquez, e "Jazz It Up", de Eric Morillo. Em em seu segundo trabalho (o primeiro foi uma coletânea do gênero garage na PolyGram), o carioca Felipe Venancio, 27, enfrenta dificuldades de repertório no disco da revista "Sui Generis", pela EMI. A data de lançamento era junho, mas até agora não está terminado. "Não consigo achar no casting de artistas da gravadora músicas que eu toco. Não quero me comprometer a colocar coisas que as pessoas não queiram ter em casa só para fechar o disco", explica. "Virei um embaço." Assim, gravadoras menores viram bons canais. A Fieldzz cresceu justamente com o sucesso de um DJ, Iraí Campos, que vendia tanto na BMG que ganhou seu próprio selo. Já a Paradoxx institui esta semana uma divisão só para a dance. O DJ mineiro Anderson Noise procurou a Fieldzz interessado em fazer seu próprio disco. Conseguiu (leia sobre o processo em texto nesta página). "O processo foi rápido. Resolvi em três viagens a São Paulo", conta Noise, 27, que viu seu sonho realizado em 14 de agosto, quando o CD chegou às lojas. Os lançamentos recentes também têm como ponto positivo dar vazão à nova produção nacional. Mau Mau, Gil Barbara, Ramilson Maia, Alfred, Apolo e Bruno E são alguns dos nomes envolvidos. "A nova geração quer fazer", empolga-se Bruno E, 23, produtor que lança pela Paradoxx o álbum "Rare Grooves" e também o diretor da nova seção dance da gravadora. "Estes lançamentos servem para abrir caminho para que os DJs façam suas próprias faixas. Só assim vamos criar um underground mais interessante", diz Bruno. ONDE ENCONTRAR Julião - às quintas, no programa "Essential Trip", de 20h às 22h, na Ativa FM (101,3 MHZ); no Hell's Club, no terceiro sábado do mês e aos sábados e domingos, na boate Diva (av. Tucuruvis, 653). Mau Mau - residente do Hell's Club (às 5h de sábado no Espaço Columbia, r. Estados Unidos, 1.570). Mauro Borges - às quintas, sextas e sábados, no Massivo (al. Itu, 1.548). Texto Anterior: ROCK Próximo Texto: Discos trazem hits das pistas Índice |
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